Desde que reassumiu o poder no Afeganistão, em agosto de 2021, o regime Talibã vem impondo restrições severas aos direitos das mulheres. Recentemente, Hibatullah Akhundzada, líder do Emirado Islâmico do Afeganistão, assinou um decreto que proíbe janelas com vista para áreas utilizadas por mulheres.
Janelas já existentes em pátios e cozinhas de prédios residenciais, por exemplo, devem ser bloqueadas ou vedadas. Zabihullah Mujahid, porta-voz do governo, justificou a medida ao afirmar que a visão de mulheres nesses locais poderia levar a “atos obscenos”.
Onda de restrições contra as mulheres promovida pelo Talibã
Além disso, o Talibã determinou que organizações não governamentais, sejam locais ou estrangeiras, que empreguem mulheres devem encerrar suas atividades.
Essas ações são parte de uma série de restrições. No ano passado, ordens resultaram na redução de salários das mulheres em cargos governamentais. Também levaram à proibição de receberem treinamento de saúde ou terem atendimento por médicos homens. Além disso, o Talibã também proibiu as mulheres de cantarem e falarem em público.
Desde o retorno ao poder, o Talibã rapidamente abandonou as promessas de manter os direitos das mulheres durante a ocupação norte-americana, adotando uma interpretação mais severa da lei islâmica.
O uso obrigatório da burca voltou a vigorar, e emissoras de rádio tiveram de parar de transmitir vozes femininas. A educação de mulheres não pode mais passar do ensino fundamental.
Reações e impacto internacional
O regime do Talibã, ao silenciar as mulheres, se isolou internacionalmente. No entanto, países como Rússia, China, Paquistão e Emirados Árabes Unidos mantêm relações com o Talibã.
Um estudo das Nações Unidas, do início de 2024, revelou que 67% das mulheres afegãs acreditam que sua situação vai piorar se o Talibã for reconhecido como governo.
Volker Turk, chefe de direitos humanos da ONU, expressou alarme com a decisão do regime de revogar as licenças das ONGs que empregam mulheres. “Nenhum país pode progredir — política, econômica ou socialmente — enquanto exclui metade de sua população da vida pública.”
Fonte: revistaoeste