Tropas russas foram recebidas com um foguete disparado por um soldado russo que combate ao lado das tropas ucranianas no sul da cidade de Bakhmut. Ele e seus colegas são soldados em uma unidade militar ucraniana composta inteiramente de russos lutando contra seu próprio país. Eles se autodenominam a “Legião Rússia Livre”.
Entre as razões que estimularam militares russos a atacarem seus compatriotas está o sentimento de indignação moral com a invasão da Ucrânia, o desejo de defender a Ucrânia como sua “pátria adotiva” — ou, como tudo pode ser resumido, devido a uma antipatia visceral contra Vladimir Putin. E eles ganharam confiança suficiente dos comandantes ucranianos para tomar o seu lugar entre as forças que lutam violentamente contra os militares russos.
Em entrevista para o jornal New York Times, um combatente denunciou atrocidades que estariam sendo cometidas no conflito — como, por exemplo, estupro de crianças e assassinato de mulheres e idosos.
“Um homem russo de verdade não se envolve em uma guerra tão agressiva, não estupra crianças, nem mata mulheres e idosos”, disse o combatente russo. “É por isso que não tenho remorso. Eu faço o meu trabalho e matei muitos deles.”
A unidade se mantém oculta, para a proteção dos soldados contra as represálias da Rússia e, também, por decisão das próprias tropas ucranianas, que não querem dar destaque aos esforços dos soldados que são do país que iniciou o conflito. Os soldados ficam agrupados, porém são supervisionados por oficiais ucranianos.
Alguns soldados declararam ao New York Times que já estavam morando na Ucrânia quando as forças russas invadiram o país, em 2022. Outros foram para a Ucrânia motivados por uma sensação de que a invasão foi injusta. Na semana passada, o gabinete do procurador-geral russo entrou com uma ação na Suprema Corte do país para que a Legião Rússia Livre fosse declarada uma organização terrorista.
No início do conflito, a lei ucraniana proibia cidadãos russos de se juntarem às forças armadas. Em agosto de 2022, a legislação foi alterada, permitindo que a Legião se juntasse legalmente à defesa da Ucrânia.
“Havia um grande número de russos que, por causa de seus princípios morais, não podiam permanecer indiferentes e estavam procurando uma maneira de entrar nas fileiras dos defensores da Ucrânia”, disse Andri Yusov, responsável pela Inteligência militar da Ucrânia. “Todos os legionários vieram com um enorme desejo de parar a horda de Putin e libertar a Rússia da ditadura.”
Fonte: revistaoeste