O diretor do Instituto Khristianovich de Mecânica Teórica e Aplicada, na Sibéria, Rússia, e dois especialistas em tecnologia de mísseis hipersônicos foram detidos, sob acusações de fornecerem informações secretas à China. As prisões ocorreram em agosto passado, mas só foram reportadas nesta quarta-feira, 24, pela agência de notícias Reuters.
Segundo documentos acessados pela agência, o chefe do órgão, Alexander Shiplyuk, teria vazado conteúdos ultrassecretos durante uma conferência científica chinesa em 2017.
O russo afirma que é inocente das sérias alegações e que as informações compartilhadas estavam disponíveis gratuitamente na internet e, portanto, não seriam sigilosas. Ele foi preso em agosto do ano passado, mas o motivo da detenção não havia sido divulgado.
Questionado sobre o caso de Shiplyuk, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os serviços de segurança prestam um “trabalho muito importante” no combate à “traição na pátria”.
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Em resposta aos rumores de que a China estaria usando pesquisadores russos para conseguir informações privilegiadas, o Ministério das Relações Exteriores do país destacou que as relações com Moscou eram baseadas no “não alinhamento, não confronto e não direcionamento de terceiros”, em uma lógica distinta ao período da Guerra Fria.
O presidente russo, Vladimir Putin, costuma se gabar da produção russa de mísseis hipersônicos, armas capazes de perfurar sistemas de defesa aérea com cargas 10 vezes superiores à velocidade do som. Apesar da aliança entre Moscou e Pequim no contexto da guerra na Ucrânia, o serviço de inteligência russo se esforça para reforçar barreiras, de modo a evitar compartilhamentos de tecnologia.
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Shiplyuk faz parte de uma extensa lista de cientistas russos acusados de traição envolvendo a China. No ano passado, Dmitry Kolker também foi preso por supostamente repassar informes sigilosos para os chineses, mas morreu de câncer apenas dois dias depois.
Alexander Lukanin, detido desde 2020, compõe o rol dos acusados por ceder segredos tecnológicos. Ele foi condenado a sete anos e meio de reclusão.
Como consequência ao conflito na Ucrânia, o parlamento russo aprovou, no último mês, o aumento da pena máxima por traição para 20 anos. Entre 2017 e 2022, 48 russos foram condenados pelo crime.
Na semana passado, membros da equipe do Instituto Khristianovich emitiram uma carta aberta que contraria a versão da Justiça russa. Segundo os pesquisadores, as informações foram rigorosamente verificadas antes de serem publicadas. Apesar do apelo, o Kremlin informou que as “as acusações são muito graves” e que os serviços especiais do país “estão fazendo seu trabalho”.
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Fonte: Veja