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Rene Silva, jovem brasileiro, conquista lugar de destaque na lista dos líderes da ‘Time’ – conheça sua trajetória inspiradora

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Desde que a revista americana Time lançou sua lista anual Líderes da Próxima Geração, na qual figuram apenas dez nomes de cada vez, só cinco brasileiros foram destacados em onze anos. Na edição de 2023, Rene Silva, jornalista carioca, passou a integrar o seleto grupo, dominado por personalidades dos Estados Unidos e da Europa.

Rene, 28, fundou o jornal comunitário Voz das Comunidades aos 11 anos, em 2005, a partir de um projeto de sua escola no Complexo do Alemão. Recrutando outras quatro crianças, passou a cobrir notícias de toda a favela.

“A mídia brasileira faz uma cobertura enviesada e negativa das comunidades. Meu objetivo era retratar a realidade do dia a dia, com foco nas vozes locais”, diz o jornalista em entrevista a VEJA.

Agora formalmente reconhecida como uma ONG, sua plataforma tem 35 funcionários que cobrem notícias sobre cultura, política, esportes, educação e problemas de negligência do Estado. O ativista é ainda consultor de jornalistas e editores nos maiores meios de comunicação do Brasil, levando a perspectiva dos moradores das favelas – um grupo mal representado em um país onde 77% dos jornalistas são brancos, como sublinha a Time – para o público mainstream.

Segundo ele, a equipe da Time o abordou inicialmente devido ao seu destaque na campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ainda candidato, participou em outubro passado de uma caminhada no Complexo do Alemão, onde prometeu avanços na economia para a população mais pobre a lideranças comunitárias do Rio de Janeiro (inclusive Rene). No encontro, disse que criará comitês “para que o povo das favelas possa ajudar a decidir o que o governo vai fazer”.

Chamando-o de “um dos jornalistas e ativistas negros mais proeminentes do Brasil”, a revista americana enfatizou em reportagem que ele ajudou a eleger Lula no ano passado, mas Rene avalia que seu nome foi parar na lista devido aos 18 anos de trabalho para desconstruir o preconceito contra a favela na mídia.

“Acredito que o Voz das Comunidades, junto a outros jornais comunitários que ganharam peso no Brasil ao longo da última década, contribuiu para melhorar a cobertura jornalística sobre favelas”, explica. “Nesses meios, somos protagonistas de nossas próprias histórias.”

Para Rene, ainda tem muito chão pela frente até que políticos e empresários brasileiros passem a olhar para a favela como um lugar de potência. Mas destaques como a lista dos Líderes da Próxima Geração contribuem para solidificar as transformações que o Voz das Comunidades vem construindo no dia a dia.

“De vez em quando, parece que a mudança acontece de fora para dentro. Parece que, lá fora, reconheceram a favela como lugar de talentos e novos líderes antes mesmo do que no Brasil”, analisa.

O jornalista espera que sua presença na lista da Time vá muito além do seu próprio nome. “É uma questão de representatividade. Pensando nas próximas gerações, como diz o nome, sinaliza uma possibilidade de futuro a partir da favela.”

Fonte: Veja

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