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Quem vai ser presidente da Argentina? Até candidaturas estão emboladas

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Geralmente as campanhas presidenciais começam com dois candidatos fortes e um punhado de aspirantes. Os institutos de pesquisa saem correndo para ver quem vai ganhar e, apesar dos conhecidos erros, dá para ter uma ideia do resultado final.

“Geralmente” é um que, no momento, não se aplica à Argentina. Está tudo embolado, ainda mais depois que Cristina Kirchner, com seu estilo dramático e mercurial, caiu fora da disputa.

Condenada a seis anos de prisão e cassação perpétua dos direitos políticos por administração fraudulenta, ela atirou uma bomba inesperada num ambiente já inflamado.

Ao dizer que não será “candidata a nada, nem a presidente nem a senadora” em 2023, Cristina deu um choque em sua própria coalizão, a Frente para Todos.

Leve-se em conta que, uma pesquisa recente, 66% dos argentinos disseram que não votariam nela em hipótese alguma – ou seja, ela está abrindo mão de uma candidatura que já parte de um estado de fracasso, embora o fator surpresa e as condições do segundo turno sempre possam ter guinadas inesperadas.

O único que a supera no índice de rejeição é o atual presidente, Alberto Fernández, com 67%.

Como todo político, Fernández quer disputar a reeleição, mas o desastre de sua administração não faz prever um futuro brilhante para suas ambições.

Se os dois candidatos “naturais” estão fora, quem poderia disputar a candidatura pelos peronistas e aliados?

, o ministro da Economia, é um nome com peso próprio e deu uma relativa estabilizada no estado de crise terminal em que a Argentina, mais uma vez, se lançava. Conciliar a austeridade inelutável com as demandas de seu eleitorado natural, os beneficiados por planos de assistência que viram fumaça com uma inflação embicada para os 100%, é apenas um dos milagres que precisa fazer.

Outro candidato potencial é Axel Kicilllof, um dos protegidos de Cristina, suficientemente jovem para esperar uma oportunidade melhor e se consolidar no governo da província de Buenos Aires, obviamente o centro político do país.

O mais importante cristinista do governo, Wado de Pedro, ministro do Interior, é um nome mais fraco, mas teria a seu favor o poder de mobilização dos kirchneristas. Cristina, lembre-se, “elegeu” Alberto Fernández com um famoso tuíte, no qual anunciou que ele era o cabeça de chapa e ela se contentava com a vice-presidência.

A oposição também não tem um nome definido. Maurício Macri é candidatíssimo, sem declará-lo, mas fez uma gestão ruim como presidente e tem 54% de rejeição. 

Patrí Bullrich, militante montonera na juventude, presa durante seis meses pouco antes do golpe militar, apesar da origem elitista (ou por causa dela, jovens ricos que abraçam a esquerda são um fenômeno universal), tem um eleitorado potencial de 39% e a desvantagem da briga interna na frente Juntos pela Mudança. Não é uma briga que vá ser resolvida facilmente.

O melhor índice é o de Horacio Rodríguez Larreta, prefeito de Buenos Aires, com 43% de votos possíveis ou garantidos.

Para complicar, Javier Millei, um fenômeno da nova direita, divide as forças oposicionistas.

Resumindo, os argentinos não só não sabem quem será o presidente eleito no ano que vem (27 de outubro, com segundo turno em 24 de novembro) como as candidaturas ainda estão longe de se delinear. Pesquisas indicam também um alto número de indecisos – um estado nada surpreendente, considerando-se que o presidente atual e os dois anteriores (Cristina, Macri, Fernández), das duas forças políticas antagonistas, só pioraram progressivamente a vida da população. Votar por um lado ou por outro parece um exercício de masoquismo – e não somos nós que não vamos entender isso.

E, claro, sempre existe a possibilidade de que Cristina Kirchner, atendendo ao “clamor popular”, reveja a posição de não se candidatar.

Ela disse que o motivo principal de não disputar nenhum cargo era não dar à oposição o gosto de falar numa candidata condenada.

Essas coisas, sabemos todos, sempre podem mudar.

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