O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciou que conversou nesta terça-feira, 20, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. No telefonema, que durou cerca de 30 minutos, o líder do Kremlin anunciou que deseja ampliar relações com o Brasil e vai enviar uma representante para a posse de Lula em Brasília.
De acordo com Putin, seu país será representado na posse por Valentina Matvienko, presidente do Conselho da Federação russa. Ela nasceu no território onde hoje fica a Ucrânia, que foi invadida pela Rússia – muitas pessoas que nasceram em ex-repúblicas soviéticas ficaram na Rússia após a dissolução da União Soviética.
No Twitter, Lula comemorou a volta do Brasil ao palco global e diplomático, dizendo que o presidente russo lhe deu os parabéns pela vitória nas eleições.
“Conversei hoje com o presidente russo Vladimir Putin, que me cumprimentou pela vitória eleitoral, desejou um bom governo e o fortalecimento da relação entre nossos países. O Brasil voltou, buscando o diálogo com todos e empenhado na busca de um mundo sem fome e com paz”, afirmou.
Conversei hoje com o presidente russo Vladimir Putin, que me cumprimentou pela vitória eleitoral, desejou um bom governo e o fortalecimento da relação entre nossos países. O Brasil voltou, buscando o diálogo com todos e empenhado na busca de um mundo sem fome e com paz.
— Lula (@LulaOficial) December 20, 2022
A fala faz menção a dois aspectos gerados pela guerra da Ucrânia – o confronto na região, com o retorno da guerra à Europa pela primeira vez desde o conflito nos Balcãs nos anos 1990, e o aumento da crise global de fome. A África foi especialmente afetada pela invasão russa, devido a problemas no fornecimento de grãos e alimentos dos dois países, considerados “celeiros do mundo”.
Durante a campanha, Lula foi criticado por afirmar que a guerra entre Rússia e Ucrânia foi causada por falta de diálogo. O petista voltou a ser alvo de repreensões em maio, depois de dizer que tanto Putin quanto o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tinham culpa pelo conflito. Na ocasião, em entrevista à revista Time, Lula sugeriu que zelensky teria se aproveitado do conflito para ficar sob os holofotes.
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O presidente ucraniano, contudo, também parabenizou Lula logo após o segundo turno das eleições. No Twitter, disse confiar em uma “colaboração ativa e no reforço da parceria estratégica para assegurar democracia, paz e segurança.”
Já Putin, as vésperas do segundo turno no Brasil, em outubro, se esquivou em uma coletiva de imprensa de dizer qual dos candidatos – Lula o o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL) – ele preferia, alegando que manteria boas relações com qualquer um.
As relações entre Lula e Putin são antigas. Ambos presidiam seus países simultaneamente no começo dos anos 2000 e tinham boa cooperação. Putin já havia reconhecido a vitória de Lula horas após as urnas serem abertas aqui no Brasil. Na ocasião, também disse que sua intenção seria ampliar as relações entre os dois países.
“Espero que, trabalhando juntos, possamos garantir o desenvolvimento de uma cooperação russo-brasileira construtiva em todas as esferas”, tuitou.
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Putin e Lula falaram em se encontrar em algum evento internacional ao longo de 2023. O presidente russo disse que receberia o brasileiro em Moscou quando ele quisesse.
Além de Rússia e Brasil integrarem o Brics, bloco de economias emergentes que também conta com Índia, China e África do Sul, os países têm importantes laços econômicos, em especial no setor de fertilizantes.
Diversas vezes, Bolsonaro usou esse argumento para defender uma posição de neutralidade em relação à guerra da Ucrânia, e chegou a ir a Moscou antes da invasão russa, sendo criticado pelos Estados Unidos e aliados europeus. Na mesma viagem, Bolsonaro se encontrou com o líder da extrema-direita da Hungria, Viktor Orban, a quem chamou de irmão. Em entrevista à TV Globo, Zelensky criticado Bolsonaro pela neutralidade no conflito que se desenrola desde fevereiro.
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fonte: Veja