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Presidente uruguaio Tabaré Vázquez expressa descontentamento com discurso de Lula a respeito da Venezuela

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O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, fez uma crítica velada a uma fala do líder brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta terça-feira, 30, durante um evento em Brasília. O petista argumentou que se construíram “narrativas” sobre a situação política da Venezuela, ao que o uruguaio se disse “surpreso”.

“Esta reunião foi antecedida, não sei se de forma planejada, por uma bilateral entre Brasil e Venezuela. Fiquei surpreso quando foi dito que o que acontece na Venezuela é uma narrativa. Já sabem o que pensamos sobre a Venezuela e o governo da Venezuela”, afirmou ele durante discurso no encontro de líderes da América do Sul em Brasília, organizado por Lula.

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O líder do Uruguai não citou o petista diretamente, mas, na véspera, Lula fez um pronunciamento controverso defendendo o regime de Maduro. Na ocasião, disse que as acusações de falta de democracia no país caribenho eram parte de uma “narrativa”.

“Cabe à Venezuela mostrar a sua narrativa, para que possa efetivamente fazer as pessoas mudarem de opinião. É preciso que você [Maduro] construa a sua narrativa. E a sua narrativa vai ser infinitamente melhor do que o que eles têm contado contra você”, afirmou.

Lula também acusou os Estados Unidos pela crise econômica e humanitária no país vizinho, dizendo que o bloqueio econômico de Washington contra Caracas era “pior que uma guerra”.

“Eu sempre acho que o bloqueio é pior do que uma guerra, porque na guerra, normalmente, morre soldado que está em batalha, mas o bloqueio mata criança, mulheres, pessoas que não têm nada a ver com a disputa ideológica que está em jogo”, disse o brasileiro.

Lacalle Pou, que costuma destoar de outros líderes da região mais alinhados à esquerda – e já criticou o Brasil e a Argentina por serem contrários ao acordo de livre comércio que Montevidéu negocia com China – alfinetou ainda que “não podemos tapar o sol com a mão”.

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“Se há tantos grupos no mundo tentando fazer mediações para que a democracia seja plena na Venezuela, para que os direitos humanos sejam respeitados, para que não haja presos políticos, o pior que podemos fazer é tapar o sol com a mão”, afirmou.

Tanto a Anistia Internacional e as Nações Unidas suspeitam que o governo venezuelano pode ter cometido crimes contra a humanidade. Segundo essas entidades, ativistas de direitos humanos, jornalistas e líderes indígenas são perseguidos no país. Estima-se que há pelo menos 300 presos políticos na Venezuela.

Lula realiza nesta terça-feira uma reunião de líderes sul-americanos, na tentativa de criar maior integração na região e, possivelmente, ressuscitar a Unasul (União de Nações Sul-Americanas). Mas o líder venezuelano, Nicolás Maduro, chegou mais cedo para uma visita oficial no domingo 28.

Lacalle Pou, por sua vez, criticou a criação de fóruns como a Unasul. Para ele, esses grupos são como “clubes ideológicos”.

“Quando assumimos o governo, saímos da Unasul. Em seguida chegou o convite para ingressar no Prosul, e dissemos não. Porque, se não, terminamos sendo clubes ideológicos”, disse.

Fonte: Veja

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