Kyriakos Mitsotakis, líder do partido de centro-direita Nova Democracia da Grécia, conquistou confortavelmente um segundo mandato de quatro anos como primeiro-ministro do país nesta segunda-feira, 26. O pleito, além disso, registrou ganhos para a extrema direita.
Mitsotakis deve retornar ao gabinete ainda mais forte após as eleições de domingo 25, dominadas pelos temas de estabilidade financeira e a crise de custo de vida.
“Temos metas altas que transformarão a Grécia”, declarou Mitsotakis em seu discurso de vitória, prometendo “grandes reformas” em breve. “Não vou tolerar nenhuma arrogância”, acrescentou.
Com quase 100% dos votos apurados, o Nova Democracia conquistou mais de 40% dos votos. O partido de esquerda Syriza, seu principal opositor, comeu poeira, com pouco mais de 17%. Segundo analistas, Mitsotakis foi recompensado pelos eleitores por tirar a Grécia de uma grave crise de dívida, levando o país de volta ao caminho do crescimento.
Um total de oito partidos, incluindo o centrista PASOK-KINAL e o esquerdista KKE, obtiveram o mínimo de 3% dos votos para entrar no parlamento grego. Grupos de extrema direita fazem parte do pacote; a maior surpresa na votação de domingo foi a força do Partido Espartano, uma legenda marginal anti-imigração.
A sigla foi endossada pelo ex-parlamentar Ilias Kasidiaris, que atualmente cumpre pena de prisão de mais de 13 anos por compor uma organização criminosa. Ele é um ex-líder do Amanhecer Dourado, um partido neonazista que ganhou popularidade durante a crise financeira da Grécia, no início dos anos 2010.
O partido nacionalista Solução Grega e o ultra-religioso e anti-aborto Niki também atingiram o mínimo de votos necessários para entrar no parlamento. Os três juntos garantem para a extrema direita uma bancada de mais de 30 cadeiras.
Esta foi a segunda eleição geral na Grécia em cinco semanas. O líder do Nova Democracia também venceu em maio, mas não conseguiu a maioria absoluta, e decidiu pedir novas eleições para evitar um governo de coalizão.
Mitsotakis, no comando durante as crises da pandemia de Covid-19 e de energia, ligada à invasão russa da Ucrânia, concorreu como uma escolha segura para impulsionar o crescimento da Grécia em circunstâncias difíceis. Por causa de seu governo, a Grécia agora beira retornar ao grau de investimento no mercado global pela primeira vez desde 2010.
A candidatura do Nova Democracia à reeleição concentrou-se em medidas para consolidar a recuperação econômica da Grécia, prometendo um crescimento anual de 3%, cortes de impostos e redução do desemprego.
O ex-primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras – que lutou para cumprir as promessas de recuperação econômica enquanto estava no cargo – não conseguiu convencer os eleitores, junto com seu partido de esquerda Syriza.
Enquanto isso, as propostas de Mitsotakis para a questão migratória, que repercutiram bem entre o eleitorado, abriram caminho para os partidos de extrema direita. Durante sua campanha eleitoral, ele prometeu estender uma cerca de 35 quilômetros na fronteira entre a Grécia e a Turquia, para bloquear pessoas que tentam entrar em território grego.
A população grega acredita que a Turquia usa a crise migração como uma espécie de arma para questionar a soberania territorial da Grécia, segundo especialistas. Isso faz com que as questões de imigração se conectem às causas nacionais da Grécia. Por isso, até o esquerdista Syriza se distanciou da sua longeva postura de braços abertos em relação aos refugiados durante a campanha.
A votação de domingo ocorreu dias depois de um naufrágio chocante em águas gregas. Pelo menos 82 pessoas morreram e centenas de outras ainda estão desaparecidas, depois que um barco superlotado com refugiados virou e afundou na costa de Pylos. A tragédia, no entanto, fez pouco para mudar a postura dos eleitores.
Fonte: Veja