Um tribunal da Rússia condenou à prisão dois poetas que participaram de uma declamação de um poema contra a guerra na Ucrânia, em mais um exemplo da repressão contra dissidentes. Artiom Kamardin e Yegor Shtovba foram detidos em setembro de 2022, depois de participarem de uma leitura pública em Moscou, perto do monumento ao poeta Vladimir Maiakovski, ponto de encontro da oposição desde a época soviética.
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Na última quinta-feira, 28, o Tribunal Distrital de Tverskoi, em Moscou, condenou Kamardin a sete anos de prisão sob a acusação de realizar um ato que mina a segurança nacional e incita ao ódio, em razão da leitura de seus poemas. Shtovba, que participou do evento e recitou os versos de Kamardin, foi condenado a cinco anos e meio pelas mesmas acusações.
Prisões de poetas na Rússia
O encontro ao lado do monumento ocorreu dias depois que o presidente russo, , ordenou a mobilização de 300 mil reservistas em meio a reveses militares na Ucrânia. A medida impopular levou centenas de milhares a fugirem da Rússia para evitar ser recrutados para o serviço militar. A polícia dispersou rapidamente a performance e, logo depois, prendeu Kamardin e vários outros participantes.
Durante a prisão, a russa citou amigos de Kamardin e seu advogado, que disse que a polícia o espancou e o estuprou. Logo depois, ele foi mostrado ao se desculpar por sua ação em um vídeo feito pelos policiais e divulgado pela mídia pró-Kremlin, com o rosto machucado. As autoridades não tomaram nenhuma medida para investigar abusos por parte da polícia.
Durante a audiência de quinta-feira, a mulher de Kamardin, Alexandra Popova, foi escoltada para fora do tribunal por oficiais de Justiça depois de gritar “Vergonha!”, diante o veredicto. Alexandra e várias outras pessoas foram detidas posteriormente sob acusações de realizarem um “comício” não autorizado do lado de fora do prédio do tribunal.
Repressão
Entre o fim de fevereiro de 2022 e o início de 2024, 19.847 pessoas foram detidas na Rússia por se manifestarem ou protestarem contra a . Enquanto isso, 794 foram implicadas em casos criminais em razão de posições antiguerra, de acordo com o grupo de direitos , que monitora prisões políticas e fornece assistência jurídica.
A repressão tem sido realizada com base em uma lei adotada por Moscou dias depois do envio de tropas à Ucrânia, que criminalizou qualquer expressão pública sobre a guerra que fosse contrária à narrativa oficial.
Leia também: “A jihad interna contra a República Francesa”, artigo de Brendan O’Neill, da Spiked, publicado na Edição 197 da Revista Oeste
Revista Oeste, com informações da Agência Estado
Fonte: revistaoeste