Um relatório do programa de desenvolvimento das Nações Unidas, divulgado nesta segunda-feira, 12, revelou que 84,5% das pessoas têm pelo menos um tipo de preconceito contra mulheres no Brasil, acrescentando que o estigma continua o mesmo de uma década atrás. A pesquisa aponta tanto homens quanto as próprias mulheres perpetuam essa forma de discriminação, capaz de legitimar atos de violência.
De acordo com o Índice de Normas Sociais de Gênero (INSG), nove em cada 10 pessoas de todos os gêneros têm preconceito contra as mulheres no mundo. Os pesquisadores se disseram “chocados” com a falta de avanços e alertam para a permanência de práticas que restringem o espaço das mulheres na política, nos negócios e no trabalho.
A pesquisa descobriu que metade das pessoas em 80 países sondados acredita que os homens são melhores líderes políticos. Já 40% dos entrevistados acreditam que os homens são melhores executivos de negócios, enquanto 25% acreditam que é justificado que os homens batam em suas esposas.
Esses números, de dados coletados entre 2017 e 2022, permaneceram praticamente inalterados em relação ao relatório anterior do INSG, publicado em 2020, que usou dados de 2005 a 2014.
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Além das barreiras para as mulheres na política, nos negócios e no trabalho, pesquisadores acreditam que os preconceitos também levam à violações dos direitos humanos. Apesar das mulheres serem mais qualificadas do que nunca, ainda há uma diferença salarial de 39% em relação aos homens.
Os dados denunciam que alcançar a igualdade de gênero até 2030, um dos objetivos estabelecidos pelas Nações Unidas, ainda é uma realidade distante. Segundo a Oxfam, em 2021, uma em cada cinco mulheres se casou antes de completar 18 anos, 1,7 bilhão de mulheres e meninas vivem com menos de US$ 5,50 por dia e elas continuam a assumir três vezes mais atividades de cuidados não remunerados e trabalho doméstico do que os homens em todo o mundo.
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Segundo especialistas, no atual ritmo, ainda vão ser necessários 186 anos para atingir a igualdade de gênero. A lentidão do processo se explica porque, mesmo que tenha havido progresso na promulgação de leis para proteção dos direitos das mulheres, antigas normas sociais continuam profundamente arraigadas.
No relatório, as Nações Unidas pedem que as contribuições econômicas das mulheres para a sociedade sejam melhor reconhecidas, incluindo o trabalho não remunerado. Também demandam leis e medidas que garantam a participação política feminina, bem como mais ações para combater estereótipos.
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Fonte: Veja