Cyril Ramaphosa foi eleito presidente da África do Sul, em 2018, com uma campanha anti-corrupção. Agora, contudo, ele sofre pressão para desistir do cargo devido a alegações de que encobriu o roubo de uma grande quantia em dinheiro de sua lucrativa fazenda de criação de gado e caça, que – segundo ele mesmo – estava guardada em um sofá de couro.
Entre US$ 500 mil e US$ 5 milhões foram roubado do rancho de Ramaphosa em Phala Phala, na província de Limpopo, no início de 2020. Como estava dentro do sofá, o dinheiro não parece ter sido declarado de acordo com os rígidos regulamentos locais contra lavagem de dinheiro ou evasão impostos.
Além disso, o presidente sul-africano não denunciou o roubo à polícia. Em vez disso, um de seus guarda-costas foi encarregado de encontrar a quantia e, possivelmente, pagar os culpados para não falar nada sobre o assunto. A mídia local chama o escândalo de “Farmgate”.
O painel que investiga Ramaphosa é liderado por um ex-presidente do tribunal, e foi criado pelo presidente do parlamento após uma moção de um partido de oposição menor. A investigação concluiu que o crime não foi denunciado à polícia e que houve uma “decisão deliberada de manter a investigação em segredo”.
O ex-chefe de espionagem sul-africano Arthur Fraser alegou que o roubo foi escondido da polícia e do serviço de receita, acusando Ramaphosa de pagar os culpados por seu silêncio.
O presidente da África do Sul sustentou que o dinheiro era proveniente da venda de búfalos em sua fazenda, para um empresário sudanês, e que o roubo foi relatado ao chefe da segurança presidencial. Ele também contesta as alegações de Fraser de que a quantia escondida em sua fazenda era de mais de US$ 4 milhões.
Ramaphosa é um conhecido proprietário e comerciante de búfalos raros, gado e outros animais selvagens, e se tornou multimilionário por meio de sua fazenda privada.
“Alguns estão espalhando calúnias sobre mim e dinheiro. Quero garantir que tudo isso foi dinheiro da venda de animais. Nunca roubei dinheiro de lugar nenhum. Seja dos nossos contribuintes, seja de qualquer pessoa. Eu nunca fiz isso. E nunca o farei”, disse ele ao se dirigir a membros do partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) em junho deste ano.
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O painel de investigação concluiu que as explicações apresentadas pelo líder sul-africano ainda não eram suficientes e que ele poderia ter violado a constituição e seu juramento de posse ao ter uma segunda renda como presidente.
Os principais líderes do CNA devem se reunir ao longo dos próximos dias para discutir o relatório da investigação e, embora o partido tenha uma regra de “afastamento” por má conduta, seu porta-voz, Pule Mabe, disse que isso se aplica apenas àqueles que são “acusados criminalmente”.
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Pedidos de impeachment
Ramaphosa foi recentemente homenageado no Palácio de Buckingham na primeira visita de estado organizada pelo rei Charles. Perto de casa, no entanto, o escândalo ameaça encerrar sua carreira política.
Nos círculos políticos do país, circulam especulações de que ele poderia renunciar ao cargo. Além disso, a conferência eletiva do CNA para escolher sua liderança deve ocorrer em meados de dezembro, e provavelmente será dominada pelos problemas do presidente.
O líder da oposição da África do Sul foi rápido em pedir um processo de impeachment e eleições antecipadas.
“O relatório é claro e inequívoco. O presidente Ramaphosa provavelmente violou uma série de disposições constitucionais e tem um caso a responder. O processo de impeachment sobre sua conduta deve prosseguir e ele terá que oferecer explicações muito melhores e mais abrangentes do que as que recebemos até agora”, disse John Steenhuisen, líder da Aliança Democrática.
A Assembleia Nacional vai analisar o relatório e, tecnicamente, pode instaurar um processo de impeachment, embora isso seja improvável, já que o CNA detém a maioria dos assentos.
Ramaphosa assumiu o cargo depois que seu antecessor, Jacob Zuma, foi forçado a renunciar devido a várias acusações de corrupção. Ex-líder sindical e empresário multimilionário, o atual líder disse repetidamente que o combate à corrupção era uma prioridade para sua gestão.
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Mas o CNA, segundo todos os relatos, foi fraturado em diversas facções políticas durante todo seu mandato. Alguns aliados do ex-presidente Zuma agora pedem abertamente a renúncia de Ramaphosa.
O gabinete da presidência disse que ele estudará o relatório e fará um anúncio “no devido tempo”.
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Fonte: Veja