Pesquisadores descobriram um antioxidante na bactéria Deinococcus radiodurans que pode proteger os humanos contra a radiação. Essa bactéria, apelidada de “Conan, a Bactéria”, possui a capacidade de resistir a doses de radiação 28 mil vezes superiores às que seriam fatais para humanos. O estudo foi publicado na última segunda-feira, 9.
De acordo com a emissora CNN Brasil, o Guinness World Records, livro dos recordes, listou o microrganismo como a forma de vida mais resistente à radiação. O antioxidante encontrado é constituído por manganês, fosfato e um peptídeo de aminoácidos, o que forma um complexo altamente eficaz.
Os cientistas publicaram a pesquisa na revista . O estudo revelou como essa combinação pode potencialmente proteger astronautas da radiação cósmica durante missões espaciais futuras.
“Há muito sabemos que íons de manganês e fosfato juntos formam um forte antioxidante, mas descobrir e entender a potência ‘mágica’ fornecida pela adição do terceiro componente é um avanço”, disse Brian Hoffman, professor da Universidade Northwestern.
A resistência da Deinococcus radiodurans não se limita à radiação. A bactéria também sobrevive em ambientes ácidos, frios e desidratados. Estudos anteriores demonstraram sua capacidade de sobreviver por três anos fora da Estação Espacial Internacional.
Pesquisadores estudam como sintetizar antioxidante de bactéria
Michaely Daly, professor de patologia da Universidade de Serviços Uniformizados de Ciências da Saúde, e Hoffman investigaram como o antioxidante poderia ser sintetizado de forma eficaz.
Daly desenvolveu o MDP, um antioxidante sintético inspirado na bactéria. Esse antioxidante tem sido utilizado em vacinas inativadas por radiação, que necessitam de radiação para neutralizar patógenos, como a clamídia. Daly disse que o MDP poderia ser uma solução prática e não tóxica para proteger astronautas da radiação cósmica, administrado de forma oral.
O estudo também sugere que a combinação de metabólitos no MDP poderia abrir caminho para antioxidantes ainda mais potentes, com aplicações na saúde, indústria e defesa. Tetyana Milojevic, especialista em exobiologia na Universidade de Orleans, afirmou que o entendimento do MDP poderia revolucionar a criação de escudos radioprotetores.
Outro aspecto promissor da pesquisa é investigar se o complexo antioxidante existe em outros organismos e se poderia explicar a resistência à radiação em diferentes formas de vida. Daly e a equipe de pesquisadores exploram essas possibilidades, que podem ter implicações significativas para a exploração espacial e a proteção contra acidentes nucleares na Terra.
Fonte: revistaoeste