A República do Níger, localizada no oeste da África, decretou o fim da parceria militar com os Estados Unidos. A informação foi anunciada pelo porta-voz da junta militar, coronel Amadou Abdrame, no último sábado, 16. A parceria permitia a presença de militares e civis na região.
A junta militar nigerina anunciou em julho de 2023 um golpe de Estado contra o governo e o presidente de Níger, Mohamed Bazoum. Com o movimento, a Constituição Nacional foi suspensa e todas as fronteiras, fechadas.
Em comunicado, o militar afirmou que a presença do Departamento de Defesa dos Estados Unidos em Níger é injusta e “unilateralmente imposta por ”. O objetivo dos norte-americanos em território africano era combater os grupos terroristas ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico, que ampliaram a influência na África Ocidental.
A decisão em romper a relação com os Estados Unidos aconteceu depois de uma visita dos norte-americanos a Níger no início da última semana. A visita foi liderada pela secretária de Estado-Adjunta para Assuntos Africanos, Molly Phee. Washington reportou que o intuito da agenda foi discutir o “regresso de Níger a uma via democrática”. Outro assunto abordado foi o futuro da parceria militar com Niamei.
Segundo Abdrame, o governo nigerino não recebeu bem a visita norte-americana à África. De acordo com os comandantes, os protocolos diplomáticos que informam os integrantes da delegação, as datas e a agenda do que seria tratado no país não foram respeitados.
O porta-voz também afirmou que seu governo foi ameaçado de retaliação. Segundo os Estados Unidos, a junta militar se distanciou de parceiros históricos depois de tomar o poder.
“O Níger lamenta a intenção da delegação norte-americana de negar ao povo soberano do Níger o direito de escolher seus parceiros e os tipos de parcerias capazes de realmente ajudá-los a lutar contra o terrorismo”, diz o coronel.
Níger corta relações com países ocidentais
A expulsão dos Estados Unidos é mais um dos movimentos que afastam os países ocidentais de Níger. Essa prática se tornou comum desde a deposição de Mohamed Bazoum.
A França, que herdou por muito tempo uma relação com Níger, retirou 1,5 mil militares que faziam frente contra jihadistas — grupo islâmico que acredita na utilização da violência para restabelecer a lei de Deus na terra — na faixa do Sahel.
Assim como outros países vizinhos que se afastaram das figuras ocidentais, a junta militar de Níger busca agora restabelecer relações com o Irã e a Rússia.
Gabriel de Souza é estagiário da Revista em São Paulo. Sob a supervisão de Edilson Salgueiro
Fonte: revistaoeste