Em coletiva de imprensa realizada em Paris, na França, na quinta-feira 13, mulheres ucranianas denunciaram o Exército russo por , torturas e violência sexual. Os crimes teriam ocorrido durante a anexação da Criméia pela Rússia, em 2014, e na invasão de 2022.
A ação foi incentivada pela ONG Sema Ucrânia, que ajuda vítimas ucranianas de estupros de soldados russos. A fundadora e diretora da organização não governamental, Iryna Dovgan, disse que “calcular o número exato de estupros é difícil”. “Não temos acesso aos nossos territórios invadidos”, disse.
Iryna tem 62 anos e vive em Donetsk, no leste da Ucrânia. Ela foi estuprada por soldados russos em 2014. Assim como o dela, a idosa diz que há “milhares” de outros casos.
Órgãos oficiais ucranianos afirmam ter 301 incidentes de crimes sexuais registrados contra “ocupantes russos” desde o início da invasão, em 2022. A Ucrânia acusa a Rússia de diversos crimes de guerra, mas os russos negam.
De acordo com Iryna Dovgan, a aceitação das mulheres em expor seus casos está relacionada com a proteção de potenciais vítimas. “As mulheres estão concordando em falar, porque a agressão russa não acaba”, disse. “Outras mulheres correm o risco de serem atacadas. Esse é o nosso grito e o nosso pedido de ajuda.”
Daria Zymenko tem 33 anos e é ilustradora. Ela conta que soldados russos a estupraram repetidamente em 2022.
Em fevereiro, logo no início da invasão, o Exército russo chegou à sua cidade, Gavronshchyna. Soldados “bêbados e armados com fuzis” teriam invadido a casa da família e exigiram que Daria os acompanhasse “para um interrogatório”.
“Lá, mandaram que tirasse a roupa”, contou Daria. “Assim, entendi que não era um interrogatório: eles me estupraram durante duas horas.”
Já Alissa Kovalenko, documentarista de 36 anos, saiu de Kiev e foi a Paris para contar seu relato. Ela é membro da Sema Ucrânia desde a fundação, em 2019. Isso porque Alissa sofreu com os crimes na anexação da Criméia.
“Estava saindo de Donetsk de táxi, e o motorista me denunciou aos separatistas, em um posto de controle, dizendo que eu havia encontrado militares ucranianos”, disse a documentarista. “Durante três dias, um militar russo me manteve presa em um apartamento. Ele me forçou a tirar a roupa, entrar na banheira e depois me estuprou.”
“Ainda hoje, diria que 80% das mulheres vítimas de estupro permanecem em silêncio”, disse Alissa à agência de notícias AFP. “Mas os 20% que falam já são uma vitória.”
Fonte: revistaoeste