Após a Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta sexta-feira, 23, com o presidente da França, Emmanuel Macron, para um almoço de trabalho, no Palácio do Eliseu. Marcando a primeira visita de um chefe de Estado brasileiro ao território francês em sete anos, o encontro teve como principais pautas o acordo entre Mercosul e União Europeia, a guerra na Ucrânia e a mudança climática.
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Ainda no evento da Cúpula, Lula destacou a relevância do tratado entre os blocos comerciais, mas afirmou que os termos adicionais estabelecidos pelos franceses são “inaceitáveis”, já que propõem que os países sul-americanos sejam punidos em caso de descumprimento das medidas impostas pelo Acordo de Paris, principal tratado internacional sobre o clima, firmado em 2015.
O legislativo francês demanda que as propostas do pacto sejam fielmente seguidas para que, enfim, seja assinado o acordo comercial. Entre as determinações do Acordo de Paris está a redução da emissão de gases estufa para frear o rápido aumento da temperatura global. Em contrapartida, as próprias autoridades do país não estão cumprindo as regras por completo.
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“Os acordos comerciais têm de ser mais justos. Estou doido para fazer um acordo com a União Europeia, mas a carta adicional que foi feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo”, disse o petista. “Nós vamos fazer a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível que tenhamos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo uma ameaça”.
Os presidentes debateram também parceria estratégica entre os seus países, iniciada em 2006, que teria como finalidade o incentivo do “diálogo político e as relações economico-comerciais”, segundo o portal do governo brasileiro. Entre os setores envolvidos na ampla cooperação estão, ainda, os da defesa, energia nuclear, desenvolvimento sustentável, imigração e educação.
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Além disso, a transferência de tecnologia francesa, através do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, integrou as pautas do encontro. A parceria entre as nações prevê a entrega anual de três submarinos até 2025. Já no campo cultural, o retorno intercâmbio cultural também foi discutido, sob a possibilidade de agregar comemorações como o Ano do Brasil na França e o Ano da França no Brasil ao calendário, a partir de 2025.
Em comunicado, o Itamaraty afirmou que a guerra na Ucrânia foi um dos principais assuntos da reunião. No entanto, não forneceu qualquer informação sobre o conteúdo das conversas, dando a impressão, de acordo com analistas, que Macron e Lula não se entenderam.
“As críticas de Lula às posturas da União Europeia não são pontuais. O que nós estamos assistindo é uma visão clara do Lula de tentar reverter a Ordem Internacional, que pretende tirar o bloco europeu e os Estados Unidos como líderes globais”, diz Igor Lucena, do centro de pesquisas britânico Chatham House.
Fonte: Veja