O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste domingo, 3, que o possível fracasso do acordo entre o Mercosul e a União Europeia será de responsabilidade do presidente da França, Emmanuel Macron. A declaração do petista ocorre na esteira da crítica do líder francês à possível parceria entre europeus e sul-americanos.
“Se não houver acordo, pelo menos ficará patente de quem é a culpa”, disse o presidente, durante entrevista coletiva em Dubai, onde participou da Conferência do Clima (COP28) da Organização das Nações Unidas (ONU).
O Brasil tinha expectativa de conseguir celebrar o acordo até a reunião do Mercosul, que ocorre nesta semana, no Rio de Janeiro.
Lula disse ainda que os países ricos não podem colocar a culpa da falência do tratado no Brasil e na América do Sul. O presidente afirmou que as nações desenvolvidas tenham equilíbrio e parem de tentar obter vantagens em tudo. Macron visitará o Brasil no dia 27 de março de 2024.
Macron rechaçou acordo entre Mercosul e União Europeia
No sábado, . “Acho completamente contraditório com que o acordo está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo”, justificou o presidente francês. “É um acordo que foi negociado há 20 anos e que tentamos remendar. Está mal remendado.”
Macron citou outros acordos celebrados, como aquele com o Canadá, com a Nova Zelândia e com o Chile. “Não leva em conta a biodiversidade e o clima dentro dele”, observou, ao comparar as tratativas entre o Mercosul e a União Europeia. “É um acordo comercial antiquado que desmantela tarifas. Nos últimos anos, esses acordos foram bastante aprimorados.”
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Ontem, Lula já havia respondio Macron. “É um direito dele”, disse o petista. “Cada país tem um direito de ter uma posição. Acho que é um direito dele ser contra. A França sempre foi o país mais duro para fazer acordo, porque a França é mais protecionista. Não é a mesma posição da União Europeia, que pensa outra coisa.”
Neste domingo, Lula voltou a comentar o assunto e disse que o presidente francês adota uma postura protecionista. De toda maneira, o petista revelou que teve uma reunião bilateral no sábado, para tentar “mexer com o coração” de Macron.
“Assuma a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão”, disse Lula. “É sempre ganhar mais. E nós não somos mais colonizados. Somos independentes. E queremos ser tratados com respeito, como países independentes, que temos coisas para vender. E as coisas que temos para vender têm preço. O que queremos é um certo equilíbrio.”
O presidente brasileiro afirmou que o país não vai facilitar a cláusula sobre compras governamentais no acordo com a União Europeia. “Queremos que o PIB do Brasil cresça”, disse. “O Brasil não vai fechar acordo com a UE para tomar prejuízo”.
Lula partiu de Dubai na manhã deste domingo, rumo à Alemanha, onde terá uma rodada de encontros com o primeiro-ministro do país, Olaf Scholz, e com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. Entre os integrantes da comitiva de Lula estão o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
Revista Oeste, com informações da Agência Estado
Fonte: revistaoeste