O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou neste sábado, 2, que é contra o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Isso porque o tratado seria incoerente com a política ambiental brasileira.
De acordo com Macron, uma possível parceria entre o bloco sul-americano e o europeu seria antiquada. “Acho completamente contraditório com que o acordo está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo”, justificou o presidente francês. “É um acordo que foi negociado há 20 anos e que tentamos remendar. Está mal remendado.”
Macron citou outros acordos celebrados, como aquele com o Canadá, com a Nova Zelândia e com o Chile. “Não leva em conta a biodiversidade e o clima dentro dele”, observou, ao comparar as tratativas entre o Mercosul e a União Europeia. “É um acordo comercial antiquado que desmantela tarifas. Nos últimos anos, esses acordos foram bastante aprimorados.”
- “O país do faz de conta de Marina Silva”, reportagem de Cristyan Costa publicada na Edição 193 da Revista Oeste
O presidente da França visitará o Brasil no dia 27 de março de 2024. Ele mesmo confirmou a viagem, neste sábado, 2, durante um encontro bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula responde às críticas de Macron
O petista rebateu as declarações de Macron, proferidas durante entrevista coletiva na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28).
“É um direito dele”, disse Lula, referindo-se ao presidente da França. “Cada país tem um direito de ter uma posição. Acho que é um direito dele ser contra. A França sempre foi o país mais duro para fazer acordo, porque a França é mais protecionista. Não é a mesma posição da União Europeia, que pensa outra coisa.”
Presidente da França quer seu país em bloco amazônico
Em agosto, durante encontro anual com embaixadores franceses, em Paris, . O tratado reúne os oito países que abrigam a Floresta Amazônica: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, República da Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
+ Leia mais notícias de Política em Oeste
A adesão se justificaria pela Guiana Francesa, região ultramarina do país que abriga 1,1% da floresta. O pedido da França foi formalizado três semanas depois da Cúpula da Amazônia, que ocorreu em 8 de agosto, em Belém (PA).
Na ocasião, Lula, que presidiu o encontro, chegou a convidar o presidente francês. No entanto, Macron declinou do convite.
O desejo de Macron encontra dificuldade no fato de que, oficialmente, a OTCA não é aberta a novos integrantes, pois se considera que seus oitos membros já abrangem o território da floresta.
No pronunciamento, Macron também havia declarado, sem citar o Mercosul, que a França iria “opor-se aos acordos comerciais que permitiriam a importação para a Europa de produtos que não atendem aos nossos padrões de saúde, clima, carbono ou biodiversidade”.
Revista Oeste, com informações da Agência Estado
Fonte: revistaoeste