O príncipe Mohammad bin Salman bin Abdulaziz Al Saud reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo, 10, em Nova Déli, cidade que recebe a cúpula do G20. Foi ele quem deu as joias pelas quais o ex-presidente Jair Bolsonaro está sob investigação.
O encontro, que durou por volta de vinte minutos, acontece um dia depois do esperado. No sábado 9, MBS (como o herdeiro também é conhecido) cancelou por imprevisto na agenda.
Terceira tentativa
A justificativa que a Presidência da República afirmou ter recebido para o cancelamento foi uma “situação de urgência na delegação” saudita. Hoje, segundo apurou o jornal Folha de S.Paulo, foi a reunião de MBS com o presidente norte-americano Joe Biden que se prolongou ontem.
Esse foi o primeiro encontro bilateral dos dois líderes. Em junho, foi Lula quem recusou um convite para um encontro na França, alegando cansaço.
Seria um jantar, em Paris, que os sauditas ofereceram para Lula e a primeira-dama Rosângela da Silva (Janja). O presidente desmarcou por causa da pesada agenda que acabava de cumprir na Europa.
Investir no Brasil
O príncipe, que também é o primeiro-ministro da Arábia Saudita, manifestou ao presidente brasileiro seu interesse em investir no Brasil. Além dos setores de óleo, mineração e gás, ele também visa os combustíveis “verdes”.
Além de diversificar seus investimentos, como é o caso do investimento vultuoso na liga nacional de futebol, contratando superastros como Neymar e Cristiano Ronaldo, os sheiks árabes olham para um futuro que rejeita cada vez mais os combustíveis fósseis.
Aporte bilionário na Vale
Em agosto, o Fundo de Investimento Público (FIP) da Arábia Saudita, que pertence ao governo, adquiriu 10% do segmento de metais básicos (níquel e cobre) da mineradora brasileira Vale. Foi um aporte de US$ 2,6 bilhões, o equivalente a R$ 13 bi.
Tais metais são amplamente utilizados para a fabricação de baterias elétricas. A Arábia Saudita tem sinalizado, para o mundo, que caminha na direção de superar a dependência do petróleo, fonte de sua vasta riqueza.
Limpar a barra
Os ambientalistas chamam essa estratégia de greenwashing (“lavagem verde”, em tradução livre). Ou seja, medidas que um país ou empresa adota para melhorar a sua reputação quando o assunto é meio ambiente.
Apesar dos acenos, no G20 a Arábia Saudita foi contra incluir metas específicas de eliminação do uso de combustíves fósseis, na declaração final da cúpula deste ano. O futuro pode ser verde, mas o presente ainda é azul-petróleo.
Histórico de violação dos direitos humanos
Outra cor que remete à má fama da Arábia Saudita no cenário mundial é o vermelho-sangue. O próprio MBS é acusado de ter autorizado a captura e assassinato de Jamal Khashoggi, jornalista crítico do governo, refugiado nos Estados Unidos, morto no consulado saudita em Istambul (Turquia).
Fonte: revistaoeste