Após uma série de críticas por declarações sobre a guerra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quarta-feira, 26, que enviará Celso Amorim, ex-chanceler e assessor especial da Presidência, para um encontro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Na Colômbia, Amorim chegou a debater a guerra entre Rússia e Ucrânia com diplomatas europeus e americanos, entre eles Juan Gonzalez, assessor especial da Casa Branca, e Josep Borrell, chefe da União Europeia para Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.
O anúncio foi feito poucas horas depois de o petista voltar a relativizar a guerra na Ucrânia após condenar a “violação” de seu território, esquivando-se de uma pergunta sobre os territórios da Crimeia e do Donbas – disputados por Kiev e Moscou.
“Não cabe a mim decidir de quem é a Crimeia ou o Donbas”, disse Lula, em resposta a uma pergunta de um jornalista espanhol em coletiva de imprensa em Madri. “Quando você senta numa mesa de negociação, pode discutir qualquer coisa, até a Crimeia. Quem tem que discutir isso são os russos e os ucranianos”, completou.
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No início do mês, Amorim viajou à Rússia para um encontro com o presidente Vladimir Putin, que enviou seu chanceler, Sergei Lavrov, a Brasília pouco depois. Após reunião com o ministro Mauro Vieira, Lavrov afirmou que Brasil e Rússia têm “visões únicas” em relação ao que acontece no Leste Europeu.
“As visões de Brasil e Rússia são únicas em relação aos acontecimentos na Rússia. Também estamos atingindo uma ordem mundial mais justa, mais correta e baseada no direito. Nisso, nós temos uma visão de mundo multipolar, onde estamos levando em consideração vários países, não só poucos”, disse Lavrov.
Embora o Brasil tenha votado para condenar a invasão russa nas Nações Unidas em março, Lula sempre foi ambivalente sobre o conflito. Recentemente, ele sugeriu que a Ucrânia deveria considerar abrir mão da Crimeia para concretizar um acordo de paz e, em uma coletiva de imprensa no sábado 15, disse que os Estados Unidos e a Europa prolongam e encorajam a guerra na Ucrânia.
No Brasil, a abordagem da guerra na Ucrânia é vista como parte de uma longa tradição de neutralidade da política externa. Em um mundo altamente polarizado e muito diferente do que era nos dois primeiros mandatos de Lula, contudo, ser imparcial tem um preço cada vez mais alto.
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Fonte: Veja