O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assume nesta terça-feira, 4, a liderança temporária do Mercosul, principal bloco econômico da América Latina, com duração até o final deste ano. O petista sucede o presidente da Argentina, Alberto Fernández, em cerimônia na Cúpula dos Chefes de Estado do bloco, na cidade de Puerto Iguazú.
Na chefia do grupo, Lula ficará responsável por organizar o fóruns social e empresarial, bem como próxima cúpula, que deverá ser sediada no território nacional. Além do Brasil e da Argentina, o encontro também contará com a presença dos outros presidentes dos países membros do bloco: Mário Abdo Benítez, do Paraguai, e Luiz Lacalle Pou, do Uruguai.
A reunião promete marcar um novo capítulo para as relações entre os integrantes do Mercosul, a partir de um interesse ativo do governo Lula, de acordo com a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Gisela Padovan.
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“O Brasil assume a presidência pro tempore num contexto de retomada de prioridade da integração, então não é uma presidência rotineira”, disse Padovan.
Segundo o Itamaraty, entre as principais pautas em discussão estão o acordo com a União Europeia, um possível tratado com a Associação Europeia de comércio Livre (AECL), grupo de países do continente que não participam do bloco europeu – Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein –, e outro com Singapura.
Adiantando o posicionamento brasileiro sobre a União Europeia, o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do MRE, Maurício Lyrio, afirmou que “o governo está traduzindo as instruções do presidente Lula para um documento que será apresentado primeiro aos parceiros do Mercosul, e depois à União Europeia”.
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Em junho, durante encontro bilateral com o presidente francês, Emmanuel Macron, o petista destacou a relevância do tratado entre os blocos comerciais, mas afirmou que os termos adicionais estabelecidos pelos europeus são “inaceitáveis”. Paris encampa a ala do bloco mais cética do acordo, que pediu o estabelecimento de punições severas para países sul-americanos em caso de descumprimento das metas climáticas impostas pelo Acordo de Paris, em 2015.
O estímulo à cooperação nos setores “da saúde, educação, defesa, proteção às mulheres, aos povos indígenas, e proteção aos cidadãos dos países do bloco” assumirão protagonismo na temática de serviços, segundo o Itamaraty. O norte da cúpula são as chamadas “regras de origem”, mecanismo que promove boas práticas de comércio e a inserção do bloco nas cadeias globais de produção.
Possíveis adesões, como é caso da Bolívia, Chile, colômbia também serão discutidas, enquanto República Dominicana e El Salvador mantêm “diálogos exploratórios” com o Mercosul.
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O comércio com os países membros do Mercosul rendeu ao Brasil cerca de US$ 35 bilhões (R$ 168 bilhões) em 2021, e alcançou a marca de US$ 40,7 bilhões (R$ 195 bilhões) em 2o22. Nos cinco primeiros meses deste ano, o valor embolsado chegou a US$ 17,7 bilhões (R$ 84 bilhões de reais), um aumento de 12,3% em relação ao mesmo período no ano passado, segundo os dados do governo.
A maior parte das vendas do bloco está voltada para China, Estados Unidos e Países Baixos. As exportações do Brasil para o Mercosul alcançaram, ainda, US$ 21,9 bilhões de dólares (R$ 105 bilhões) no ano passado, ou cerca de 6,5% das exportações totais do país.
Fonte: Veja