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Líder mercenário denuncia Moscou por falsidade e enfrenta consequências legais

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O Serviço Federal de Segurança da Rússia abriu sexta-feira, 23, um processo criminal contra o chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, por convocar “rebelião armada”. Fonte de dor de cabeça para o governo de Vladimir Putin, o mercenário acusou mais cedo nesta sexta-feira Moscou de mentir sobre a versão oficial de que Kiev planejava retomar o controle das regiões controladas pelos russos, em fevereiro do ano passado, provocando o conflito.

“Não houve nada de extraordinário acontecendo na véspera de 24 de fevereiro”, ressaltou em um vídeo de 30 minutos, publicado nas redes sociais. “O Ministério da Defesa está tentando enganar o público e o presidente e espalhar a história de que houve níveis insanos de agressão do lado ucraniano e que eles iriam nos atacar junto com todo o bloco da Otan”.

Em resposta, o FSB comunicou que “todas as medidas necessárias estão sendo tomadas” e que Putin estava ciente do ocorrido. Além de acusar o governo de ter mentido deliberadamente sobre os motivos da guerra, Prigozhin disse que as tropas oficiais russas mataram uma “grande quantidade” dos combatentes da sua organização e que pretende “responder a essas atrocidades”. 

Assim que iniciou a ocupação do território ucraniano, Putin afirmou que teria contornado uma tentativa das tropas rivais de “um ataque maciço ao Donbas e depois à Crimeia”. O líder mercenário afirmou, ainda, que a guerra poderia ter sido evitada por meio de uma negociação diplomática com Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia.

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“Quando Zelensky se tornou presidente, ele estava pronto para acordos. Tudo o que precisava ser feito era sair do Monte Olimpo e negociar com ele”, defendeu.

Apesar da frequente troca de farpas com o Ministério da Defesa do país, o novo discurso de Prigozhin destaca seus problemas com o governo russo. Em março deste ano, ele ameaçou retirar seus combatentes de Bakhmut, um dos epicentros do conflito, por uma suposta falta de munição. Não satisfeito, o chefe do grupo mercenário culpou o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, pelas perdas no campos de batalha.

Indignado, Prigozhin afirmou que o conflito em solo ucraniano foi desencadeado por uma necessidade do “clã oligárquico que governa a Rússia”. Ele ironizou, além disso, o desejo de Shoigu por reconhecimento e por uma “estrela de herói”.

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“Os doentes mentais desprezíveis decidiram: ‘Tudo bem, vamos colocar mais alguns milhares de russos como bucha de canhão. Eles morrerão sob fogo de artilharia, mas conseguiremos o que queremos’”, argumentou.

Anteriormente, ele condenou também a postura de Putin por realizar uma troca de mais dos 100 combatentes ucranianos capturados, todos da brigada de Azov, por Viktor Medvedchuk, aliado do líder russo. O mercenário, que costuma não ampliar com frequência suas queixas ao presidente, questionou também os rumos do país.

“Ainda temos auto-isolamento em nosso país e, portanto, nenhum dos tomadores de decisão ainda se reuniu [com generais militares e discutiu como vencer a guerra]. Todos falaram ao telefone”, explicou.

Tendo retirado suas tropas de Bakhmut, ele relatou, por fim, que “o exército russo está recuando em todas as direções e derramando muito sangue” e garantiu “o que eles nos dizem é o mais profundo engano”. Para Prigozhin, o número de soldados mortos seria expressivamente maior do que o dito por autoridades locais.

Fonte: Veja

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