A ex-primeira-dama Michelle Obama está perdendo o sono com o possível resultado do pleito norte-americano em 2024. , em que acrescenta que “está aterrorizada com o que pode acontecer”.
Não parecem as palavras de alguém da torcida Biden, capaz de derrotar o rolo compressor Trump em 2020, com as grifes Clinton e Obama de suporte, e tendo toda uma mídia a constantemente incensá-los — a ponto de se ter descoberto que o Partido Democrata “pautava” a mídia. Ou, como corrigiu o analista Eddie Scarry, . Michelle Obama, segundo revelação dos Twitter Files, . Além de tudo, tal como aqui, a esquerda norte-americana possui o discurso de que eles próprios são a democracia feita carne e de que Trump não pode concorrer por ordem judicial, como alguns Estados já tentam fazer.
Então, qual o motivo para pânico, se Trump dividirá notícias de comícios com a de idas a tribunais por, supostamente, destruir a fundação da América? Bem, Trump vem ganhando terreno exatamente onde os Democratas se julgam imbatíveis: entre os hispânicos (cristãos que só possuem lealdade aos Democratas perto da fronteira), negros e jovens. Um eleitorado-chave para a complexa vitória de Biden em 2020.
. De acordo com o Pew Research, Biden venceu nessa faixa etária em 2020 por 59% a 35%. É a primeira vez que um candidato Republicano tem vantagem nesse segmento desde 1988.
O resultado gerou uma dúvida, pela terceira eleição consecutiva, sobre se os números devem ser levados a sério — desta vez, num movimento inverso ao das pesquisas que cravaram Hillary Clinton como “já eleita” em 2016. Michelle Obama não é uma voz solitária. Da CNN à Economist, o alerta soou: “O perigo para a reeleição de Biden é real”.
O mercado de análise correu para aventar hipóteses, já que os Democratas, hoje, vivem muito mais da política de identidade do que da prática. , os jovens — incluindo os pobres —, apesar de não morrerem de amores por nenhum candidato, confiam mais em Trump quando a questão é a economia, a segurança nacional, a guerra entre Israel e o Hamas, a imigração e o fortalecimento da classe trabalhadora. A confiança em Biden é maior em questões como mudanças climáticas, aborto, violência doméstica e “proteger a democracia”.
O que as pesquisas revelam sobre Biden
O resultado é revelador para o grande conflito entre esquerda e direita. Trump é vencedor em todos os aspectos práticos, nos quais as ideologias juvenis perdem seu apelo — todos amam frases como “construa pontes, e não muros”, até sua vizinhança ser invadida por cartéis mexicanos e a hégira muçulmana sem o respeito ocidental pelas mulheres. Biden, como é o clichê da esquerda, é vencedor absoluto em questões que tratam o imaginário sem aplicação nenhuma no mundo concreto. Seu apelo está em questões imprecisas, como “mudanças climáticas”, ou meramente retóricas, como “proteger a democracia”, além de defender o aborto no altar do hedonismo.
Não há muito argumento sobre “democracia” e o suposto “risco de golpe” no Capitólio quando, descendo os degraus até o térreo da realidade, as consequências da política envolvem duas guerras com potencial de se arrastarem, e nas quais Biden vem se mostrando um perdedor absoluto: na Ucrânia e entre Israel e o Hamas. E como esquecer o desastre no Afeganistão, onde a política apressada — e ideológica — de Biden de retirar tropas norte-americanas aos empurrões entregou o país ao Talibã, depois de 20 anos da guerra mais fracassada da história do país? A cena de helicópteros norte-americanos nas mãos de talibãs carregando homens enforcados tem um peso específico para o norte-americano: são eles próprios que vão para a guerra, principalmente os jovens. E Biden não tem se mostrado um líder, apesar de toda a retórica sobre, digamos, “mulheres trans”.
Trump pegou um mundo que sofria um atentado horrível do Estado Islâmico por mês e entregou uma América — e um planeta — mais seguros, não importando quanto a mídia reclame de seu estilo boquirroto e sua verborragia violenta sobre mulheres no passado.
Os discursos inflamados sobre “aquecimento global” são capazes de fazer páreo a um mundo com risco de guerra entre China e Taiwan, , e conclamando os próprios cidadãos a se prepararem para a guerra com a Rússia? O clima esquenta de outra forma no mundo real e longe da CNN.
A dor dos norte-americanos
Mesmo na situação local, temas como inflação, risco de recessão (uma bolha maior do que a de 2008 apenas não estourou por manobra do governo para ocultá-la), o ocaso do dólar como moeda forte do mundo, a crise imigratória na fronteira sul e a erosão do poder de compra dos pobres talvez valham mais do que o discurso já surrado de “defesa da democracia”, que prega apenas para convertidos — e dos mais fanáticos.
Apesar de enxergarmos os eleitores norte-americanos — e brasileiros — como estanques, há um território extremamente movediço — e os jovens podem ser o fiel da balança. Mais uma vez, os swing states norte-americanos, que mudam de lado de um ano para o outro, onde a batalha realmente ocorrerá, serão Arizona, Georgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin. Biden tem perdido nas pesquisas em todos eles. Entre 2016 e 2020, hispânicos, com sua lealdade apenas longínqua aos Democratas, se moveram 18 pontos em direção aos Republicanos. Democratas também sofrem baixas no eleitorado negro.
Ironia das ironias para o partido que se vangloria de suas políticas identitárias, o voto Democrata parece garantido apenas entre os privilegiados brancos com diploma superior, que podem ignorar a inflação e nunca seriam convocados para uma guerra — sem os brancos da elite, o Partido Democrata perderia completamente a competitividade em nível nacional.
Fonte: revistaoeste