Sophia @princesinhamt
Mundo

Israel: Mulher dá à luz milagrosamente dias após marido ser sequestrado pelo Hamas

2024 word3
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Na manhã de sábado, 7 de outubro, que prometia ser tranquila, o enfermeiro Dolev Yehud, 35 anos, teve uma surpresa. Nos jardins do kibutz Nir Oz, ouviu gritos e tiros muito próximos à casa onde mora.

Com instinto de voluntário, de alguém que trabalha em salvamentos a qualquer hora do dia, pela Maguen David Adom e pela Unión Hatzalah, ele correu. Em sentido de onde vinha o tumulto, causado pelo ataque do Hamas.

Dolev foi ao local depois de se certificar que a mulher dele, Sigal, 35 anos, e os três filhos, Raz (8 anos), Yotam (7 anos) e Ron (4 anos), foram para um quarto de refúgio.

Os quatro só não foram pegos porque os terroristas não conseguiram arrombar a porta, apesar de terem tentado de todas as maneiras.

“Minha filha e os meus netos ficaram trancados por nove horas, sem comida nem água e em meio a uma tensão sobre-humana”, conta a Oeste o pai dela, Marcelo Garzon, 62 anos, que mora em Israel desde 1977.

Desde então, não há mais notícias de Dolev.

Leia mais: “Diplomacia de Israel tenta conscientizar cidadãos sobre ataques do Hamas: ‘ E se fosse você?’”

Além de Dolev, foram levados pelo sequestradores a irmã dele, Arbel, de 28 anos, e o namorado, Ariel Cunio, de 26, além de familiares de Cunio.

Naquele dia, Sigal estava na 37ª semana de gravidez, junto com o marido. Vivia, segundo Marcelo, a expectativa de receber a quarta filha, Dor. A criança nasceu em 16 de outubro, nove dias depois da invasão, sem a presença do pai.

Família de Dolev (refém) e SigalFamília de Dolev (refém) e Sigal
Dolev E Sigal Agora Têm Quatro Filhos | Foto: Divulgação/Família Sigal

“Minha filha deu à luz sozinha, não estava com o marido”, lamenta Marcelo, que vive em Eshkol, no kibutz Gvulot, com a mulher, Débora, 63 anos, brasileira nascida em São Paulo, que imigrou para Israel em 1978.

“O pai da criança não estava junto, como sempre deve ocorrer em um momento maravilhoso como esse, quando uma mulher dá à luz.”

Marcelo acrescenta que, para os familiares, o fato de o marido de Sigal, a irmã, o namorado e seus familiares ainda estarem com os sequestradores é uma maneira de perpetuar o drama. Para a família, 7 de outubro está presente a cada dia, enquanto eles não retornarem.

“Aquele massacre para nós não acabou”, diz ele. “Estamos completamente exaustos para saber algo, não recebemos uma notícia sequer sobre como eles estão, não sabemos se estão bem ou não, é terrível viver com tanta incerteza, angústia.”

Preocupação com a filha

Arbel e Dolev - reféns HamasArbel e Dolev - reféns Hamas
Família não tem notícias dos Arbel e Dolev | Foto: Reprodução/Facebook

Sigal e Dolev se conhecem desde os 12 anos. Passaram a infância juntos, pelas trilhas do kibutz, aproveitando a vida comunitária, as brincadeiras entre amigos, conforme conta o sogro.

“Viveram desde cedo um clima de harmonia”, lembra Marcelo, diretor de produção de uma empresa de embalagens, em Eshkol.

“Foram educados em um clima de gentileza, solidariedade. Dolev é um ser humano educado para os outros e assim se tornou um pai e um marido íntegro.”

Neste momento, Sigal está morando em um hotel em Eilat, com os quatro filhos, financiados pelo governo. Eles . O Hamas destruiu e incendiou casas e carros.

“Não sobrou nada para eles”, destaca o pai de Sigal. “Mas minha filha está forte, ela é determinada e não perde a esperança.”

+ Leia mais notícias de Mundo em Oeste

Marcelo afirma que, na família, há uma preocupação de evitar que todo o clima de apreensão contamine o ânimo das crianças. Principalmente da recém-nascida, Dor, que ainda não teve contato com o pai.

“Minha filha é professora, o que ela gosta e sabe fazer é educar”, observa ele.

“Neste momento está se desdobrando para colocar as coisas no devido lugar, educando e mantendo as crianças animadas o máximo de tempo possível.”

A mãe de Sigal está ao lado da filha o tempo inteiro em Eilat. Marcelo teve de, três semanas depois dos ataques, voltar a trabalhar. Vê a família nos fins de semana.

Nem por isso, o drama ficou mais distante para ele. O pai de Sigal revela que encontrou nos pensamentos positivos um calmante para encarar cada dia que se inicia.

Leia mais: “Hamas divulga vídeo de reféns libertados, inclusive idosos e crianças”

“Não temos ideologia, interesses políticos nem queremos conflitos, nunca”, desabafa Marcelo. “Somos gente simples, não queremos nada mais da vida do que criar a família, trabalhar, ser feliz a cada dia. Mas não deixo minha cabeça ser pessimista, espero todo dia que eles voltem sãos e salvos e que Dolev retome a rotina com a família.”

Conforme ele diz, o nascimento de Dor foi uma grande felicidade neste momento de tensão.

“É uma grande felicidade, mas incompleta para a minha filha”, ressalta Marcelo. “Ela ganhou uma linda filha e quem ela mais quer que estivesse ao lado dela não está.”

Pelo que conta Marcelo, a vida da filha, neste período, se resumiu a uma sucessão de esperas. Ele e a família, diz, rezam pelo retorno de todos os sequestrados. Sigal, especialmente, esperava um bebê. E nasceu uma menina com saúde, para a alegria da mãe. Agora, ela espera um refém.

Fonte: revistaoeste

Sobre o autor

Avatar de Redação

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidária que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.