O Ministério do Interior do anunciou nesta terça-feira, 7, as primeiras prisões relacionadas à onda de por todo o país desde novembro de 2022.
“Com base nas medidas de inteligência e pesquisa das agências de inteligência, várias pessoas foram presas em cinco províncias e as agências relevantes estão conduzindo uma investigação completa”, afirmou o vice-ministro do Interior, Majid Mirahmadi, à TV estatal, sem dar detalhes sobre os indivíduos detidos.
De acordo com grupos iranianos de direitos humanos, pelo menos 7.068 estudantes foram afetados em 103 escolas por todo o país. Ao todo, 99 cidades de 28 províncias registram possíveis ataques, sendo 81 o maior número em um dia.
Em comunicado, o governo afirmou que três dos presos tinham antecedentes criminais, incluindo a participação em “motins” que eclodiram depois da morte da iraniana Mahsa Amini, em setembro. As autoridades iranianas também afirmaram que os indivíduos envolvidos nos protestos usaram os próprios filhos para levar o veneno para as escolas para depois filmar as crianças envenenadas antes de enviar as imagens para estações de notícias estrangeiras.
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou na segunda-feira que os perpetradores do “crime imperdoável” seriam rastreados “sem piedade” à medida que a raiva do público aumenta.
A fala intervencionista do líder foi um reconhecimento de que a população está preocupada com os episódios, uma vez que o governo pouco tinha a dizer sobre os incidentes de adoecimento de meninas. A mensagem, porém, foi vista como contraditória, uma vez que Khamenei afirmou que algumas das meninas adoeceram em uma forma de “histeria em massa”.
De acordo com o ministro da Educação, Yousef Nouri, 95% das meninas que vão a hospitais ou centros médicos não possuem nenhum problema médico: iam se consultar apenas por medo e preocupação ou tinham doenças subjacentes.
Ele ainda reiterou que os pais precisam prestar atenção em algumas informações transmitidas por meios oficiais confiáveis, acrescentando que “era natural que nosso inimigo conspirasse para fechar escolas e impedir os alunos de estudar”.
As observações foram feitas logo em seguida que o Ministério da Saúde iraniano publicou o primeiro relatório da investigação do comitê científico sobre as suspeitas de envenenamento. O comitê afirmou que “alguns dos alunos foram expostos a uma substância irritante que é principalmente inalada”.
Porém, mesmo com as investigações em andamento, poucos observadores devem ter confiança nos resultados. “As autoridades iranianas têm um histórico terrível de investigação de violência contra mulheres e meninas”, disse a Human Rights Watch na semana passada.
A enxurrada de casos de envenenamento chegou ao país em um momento de comoção social e está causando ainda mais indignação nos manifestantes. Na próxima quarta-feira, 8, Dia Internacional da Mulher, novos protestos estão programados.
Fonte: Veja