Em mais um passo de uma crise diplomática, o presidente do Equador, Guillermo Lasso, declarou na terça-feira, 14, o embaixador argentino em Quito, Gabriel Fuks, “persona non grata”, dando três dias para que o diplomata deixe o país. A decisão foi tomada depois que María de los Ángeles Duarte, ex-ministra equatoriana condenada por corrupção, fugir para a Venezuela depois de conseguir sair da embaixada argentina em Quito, onde ficou por mais de dois anos com seu filho menor de idade.
Em resposta, o governo argentino declarou que também vai expulsar o embaixador equatoriano em Buenos Aires, Xavier Monge Yoder.
“Lamentando a decisão incompreensível do governo equatoriano de solicitar a retirada do embaixador Fuks do Equador, decidimos adotar a mesma situação com o embaixador do Equador na Argentina”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores argentino, em nota.
O início do declínio nas relações bilaterais entre Equador e Argentina começou com uma visita do ex-presidente equatoriano Rafael Correa à vice-presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner. Na ocasião, Correa pediu para que Buenos Aires desse asilo político a María de los Ángeles Duarte, sua ex-ministra de Desenvolvimento Urbano. Correa e Duarte são investigados por corrupção e a ex-ministra foi condenada a oito anos de prisão por suborno.
Desde então, Duarte pediu asilo na embaixada argentina em Quito. O presidente equatoriano Guillermo Lasso afirmou que não há motivo para o asilo quando o suposto perseguido é procurado pela Justiça em caso comprovado de corrupção. Porém, Alberto Fernández, presidente argentino, argumentou que a visão de Lasso não é válida porque Correa, condenado no mesmo processo que Duarte, recebeu asilo na Bélgica. Defensores do governo de Equador esclarecem que Correa só recebeu o asilo porque sua mulher é belga.
Durante o asilo, Lasso não concedeu um salvo-conduto a Duarte, o que impedia que a ex-ministra saísse da embaixada e entrasse em um avião para Buenos Aires. No entanto, no último sábado, 11, a ex-ministra fugiu da embaixada em direção a Caracas, na Venezuela.
A diplomacia equatoriana, por meio do chanceler Juan Carlos Holguín, diz ter pedido “informações adicionais sobre o caso” a Fuks.
“O Equador apresentou uma reivindicação enfática à Argentina e exigiu a entrega de informações. A chancelaria equatoriana tomará as medidas mais apropriadas diante deste incidente”, afirmou em nota.
Seguindo essa declaração, o governo equatoriano demonstrou indignação quanto ao chanceler argentino e comunicou a sua expulsão, causando espanto no chanceler.
“De forma alguma pode se atribuir a uma ação expressa do governo argentino sobre a referida pessoa [Duarte] ter podido, devido à ineficácia das autoridades equatorianas, circular pelo Equador e sair desse país para ir no exterior”, afirmou Fuks.
Em Buenos Aires, o Ministério das Relações Exteriores emitiu um comunicado afirmando que “o Governo argentino recebeu com surpresa e profunda tristeza a decisão do Governo da República do Equador de intensificar o desacordo existente sobre a situação da senhora María de los Ángeles Duarte e levá-lo ao patamar de dano na relação bilateral”. O ministério ainda esclareceu que não existe nenhuma norma internacional que obrigue as autoridades diplomáticas argentinas a exercer a custódia da ex-ministra.
“Foi uma situação muito inusitada, ela estava lá há dois anos com o filho menor, que nasceu na Argentina. E não a deixamos detida, podia ir quando quisesse, da porta para fora é responsabilidade do Equador”, declarou a diplomacia argentina.
Duarte se pronunciou no Twitter agradecendo ao governo argentino “por ter me protegido das perseguições dos governos de Lenin Moreno e Guillermo Lasso”. Poucas horas depois, Duarte chegou à sede da embaixada argentina em Caracas, onde foi recebida pelo embaixador Oscar Laborde e deu a entender que ainda não pretende viajar para a Argentina.
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Fonte: Veja