Um documento interno feito por um general de quatro estrelas dos e vazado nesta semana abriu debate sobre comentários irresponsáveis com relação a um possível conflito entre o país e a . O relatório descrevia uma “intuição” do militar de que os dois países entrariam em um conflito no estreito de em 2025.
O general Mike Minihan, chefe do Comando de Mobilidade Aérea dos EUA (AMC), fez a previsão de a China invadiria Taiwan entre 2022 e 2049. “Espero estar errado. Minha intuição me diz que lutaremos em 2025”, escreveu Minihan no documento vazado. “A equipe, o motivo e a oportunidade de Xi (Jinping) estão alinhadas para 2025″.
O plano de Minihan ainda conta com um cronograma de ação caso a hipótese se concretize. Entre as medidas estão o aumento do treinamento e da integração do AMC e das forças conjuntas para derrotar a China.
As previsões vão em linha com declarações de Philip Davidson, chefe do comando Indo-Pacífico dos EUA, durante uma audiência de um comitê do Senado em 2021. Davidson acreditava que essa invasão aconteceria nos próximos seis anos, até 2027. Nesta semana, Davidson reafirmou sua teoria e afirmou que ataques a pequenas ilhas da região faziam parte do seu cenário de conflito.
De acordo com o governo de Taiwan, a China vai alcançar capacidade total de invasão em, respectivamente, 2023 e 2025. Além disso, também estabelecem a possibilidade de datas posteriores com um significado simbólico para o Partido Comunista Chinês (PCC). Em 2022, Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, revelou que acreditava que as intenções chinesas estariam visando uma anexação ainda mais rápida, porém não citou datas.
Embora Pequim tenha deixado claro que pretende tomar Taiwan, o cronograma para esse cenário varia muito. Figuras militares de alto escalão dos Estados Unidos e de Taiwan alertaram que isso pode ocorrer dentro de alguns anos, enquanto analistas apontam para o objetivo de Xi de rejuvenescimento nacional até 2049 – o centenário da República Popular da China – como um prazo potencial.
Localizada a menos de 177 quilômetros da costa da China, a ilha é o lar de 23 milhões de pessoas. Apesar de ser governada separadamente de Pequim mais de 70 anos, o Partido Comunista da China reivindica o poder sobre a ilha.
O debate iniciado por essas “previsões” gerou críticas por conta do discurso inflamatório e vazamento dos memorandos. Analistas afirmam que os prazos curtos apresentados pelos militares podem fazer parte de um lobby para aumentar o financiamento das instituições que representam.
Michael O’Hanlon, diretor de pesquisa em política externa do grupo de pesquisa Brookings Institution, disse à emissora Voice of America que o memorando era “muito imprudente e potencialmente perigoso por causa do potencial [de criar] uma profecia autorrealizável”.
Outro ponto levantado por especialistas foi a distância do pensamento de figuras do alto escalão militar dos EUA com os formuladores de políticas públicas, que tem uma relação complicada, mas não hostil com os representantes chineses.
“Este é um pensamento típico nas Forças Armadas dos EUA, ou em todas as organizações militares, de que a preparação de guerras com potenciais adversários ou oponentes é uma obrigação”, disse Huang Kwei-bo, professor de diplomacia na Universidade Nacional de Chengchi, em Taipei, ao jornal britânico The Guardian.
Em resposta ao memorando vazado, o governo chinês alertou os EUA sobre inflamar as tensões na região. O Pentágono afirmou que as visões de Minihan não representam o departamento e se distanciaram de falar sobre um cenário de conflito.
A política estratégica estadunidense na região tem sido caracterizada pela ambiguidade. Em caso de hostilidades, não existe uma confirmação de que os EUA ajudariam Taiwan. Especialistas apontam que o memorando de Minihan mostra que líderes da cúpula militar estariam partindo do princípio de que isso aconteceria.
Já em Taiwan, o documento vazado foi tratado com menos alarmismo. As declarações alarmistas são criticadas por criar uma situação onde relatos sobre uma possível invasão acabem sendo encarados com menos seriedade.
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Fonte: Veja