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EUA anunciam delegação oficial para posse de Lula; Veja quem ficou de fora

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Quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o segundo turno da eleição presidencial contra o presidente Jair Bolsonaro (PT), em novembro, muito se especulou sobre a vinda de autoridades dos Estados Unidos à sua posse, para requentar laços estremecidos durante a gestão anterior. Nesta quinta-feira, 22, o presidente americano Joe Biden divulgou a delegação completa que irá a Brasília – e a lista de nomes é, de certa forma, decepcionante.

Bolsonaro foi eleito no segundo ano de mandato do ex-presidente Donald Trump, a quem admirava e tentava reproduzir à imagem e semelhança. Não à toa, recebeu na mídia internacional o apelido de “Trump dos Trópicos” – e não era um elogio. Quebrando a tradição de seus sucessores, cujas primeiras viagens internacionais geralmente priorizavam aliados na América Latina, Bolsonaro escolheu visitar os States, indicando um realinhamento das relações exteriores brasileiras.

Quando Biden foi alçado à Casa Branca, em um pleito que chamou a atenção pelo tom de repúdio ao trumpismo (semelhante ao que aconteceu com o bolsonarismo no Brasil), as relações diplomáticas entre Brasília e Washington, contudo, esfriaram. Não só o americano foi reticente em colaborar com o fã de seu arqui-inimigo, mas as diferenças de valores – em especial sobre a proteção da democracia – tornaram-se discrepantes.

As principais visitas de autoridades americanas ao Brasil foram motivadas não por cooperação internacional ou comércio, mas por preocupações com a ameaça de Bolsonaro às instituições democráticas. Foi marcante quando o diretor da CIA, William Burns, realizou uma reunião secreta com o gabinete do presidente para repreender suas alegações infundadas de fraude eleitoral e questionamentos sobre a legitimidade de urnas eletrônicas.

Após dois anos tensos, foi quase possível escutar o alívio de Biden nas entrelinhas de um comunicado emitido após a vitória de Lula.

“Parabéns a Luiz Inácio Lula da Silva por ser eleito o próximo presidente do Brasil após um processo eleitoral livre, justo e confiável. Espero trabalhar juntos para continuar a cooperação entre nossos países nos próximos meses e anos”, escreveu o democrata.

Em publicação nas redes sociais, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, também parabenizou o “povo brasileiro por exercer seu direito de voto e reafirmar a força de sua democracia”.

“Esperamos dar continuidade à nossa forte parceria com o presidente eleito, Lula, enquanto construímos um hemisfério mais democrático, próspero e equitativo”, escreveu.

A empolgação das mensagens foi tanta que até especulou-se que o próprio presidente Biden poderia trocar a Casa Branca pelo Palácio da Alvorada no dia 1º de janeiro. Depois, a equipe de Lula e a mídia baixaram as expectativas, já que era improvável que o líder da maior economia do mundo deixasse os Estados Unidos enquanto lida com uma crise inflacionária em casa e uma guerra no continente europeu.

Surgiu, fulguroso, então, o nome da vice-presidente Kamala Harris, já que um de seus principais papéis na função é supervisionar alianças de Washington na América Latina – especialmente no que diz respeito à onda imigratória que inunda o país por sua fronteira sul, com o México. Mas nem ela estará presente.

A delegação presidencial que Biden selecionou para participar da posse de Lula, segundo divulgado nesta quinta-feira, inclui nomes menores que o inicialmente esperado. Como já havia sido reportado pela agência de notícias Reuters, a líder do grupo é a democrata Deb Haaland, secretária do Interior dos Estados Unidos.

Ao seu lado, estará Douglas Koneff, encarregado de Negócios da embaixada americana em Brasília e principal autoridade do país no Brasil. Ele e Lula já haviam se encontrado anteriormente em setembro, segundo informou a embaixada à VEJA, para abordar possíveis temas de uma agenda bilateral.

Juan González, assistente especial do presidente e diretor sênior para Assuntos do Hemisfério Ocidental, cargo ligado ao Conselho de Segurança Nacional, completa a delegação.

Quando Biden ainda não havia sido eleito e Bolsonaro estava no poder, González lançou uma previsão de que a relação do Brasil com os Estados Unidos iria se deteriorar em caso de vitória do democrata. Passados dois anos, a conjectura se realizou. Resta ver o que será do laço agora que, de volta à agenda regular, Lula parece pronto para se realinhar com os colegas de esquerda na América Latina – incluindo os que o presidente americano, que se pinta como defensor da democracia, julga autoritários, como o venezuelano Nicolás Maduro. Quem, aliás, está tentando de tudo para comparecer à posse do antigo aliado.

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Fonte: Veja

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