Cavar um poço pode ser altamente perigoso. É o que afirmam os cientistas em um novo estudo: em busca de água no subsolo terrestre, o homem já drenou tanto H₂O das reservas que alterou o eixo de inclinação da Terra. A água potável presente nos aquíferos subterrâneos pode ser usada por pessoas e animais e também na irrigação das plantações — quando há escassez de chuvas. Porém, a nova pesquisa revela que a extração persistente de água durante mais de uma década afetou o eixo no qual o planeta Terra gira, inclinando-o para o leste a uma taxa média de aproximadamente 4,5 centímetros por ano.
De acordo com um artigo publicado por pesquisadores no periódico científico Geophysical Research Letters, essa mudança pode ser observada até mesmo na superfície do nosso planeta, porque contribuiu de forma direta para o aumento global dos níveis dos oceanos — em função da inclinação.
Em comunicado à imprensa, Ki-Weon Seo, professor do departamento de educação em ciências da Terra na Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, disse: “O polo rotacional da Terra realmente muda muito. Nosso estudo mostra que, entre as causas relacionadas ao clima, a redistribuição das águas subterrâneas realmente tem o maior impacto na deriva do polo rotacional”.
O interior do nosso planeta é composto de diversas camadas de rochas e magma que se movimentam em torno de um núcleo denso e quente. Porém, na camada de rocha mais externa, há grandes quantidades de água. Estima-se que os aquíferos — reservatórios rochosos — armazenem mil vezes mais água do que todos os rios e lagos do mundo.
O impacto negativo da extração de água
De acordo com o artigo, o fator mais notável das variações de longo prazo no eixo rotacional já era conhecido como o fluxo do manto — o movimento natural das rochas fundidas presentes na camada subterrânea entre a crosta terrestre e o núcleo externo. No entanto, segundo a nova modelagem, a extração de águas subterrâneas é o segundo fator mais impactante no eixo da Terra, segundo Ki-Weon Seo.
A extração da água dos aquíferos pode ser uma tábua de salvação, especialmente nas regiões do mundo nas quais não há saneamento básico ou que enfrentam grandes secas. Porém, essas reservas são finitas; uma vez drenados, os aquíferos levarão muitos anos para se reabastecer. “Afetamos os sistemas da Terra de várias maneiras, as pessoas precisam estar cientes disso”, disse Seo.
Fonte: revistaoeste