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Empresas investigadas na Lava Jato solicitam financiamento de US$ 100 milhões para empreendimentos em Angola

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu, em visita a Angola na semana passada, retomar os financiamentos brasileiros no país africano. Casos de corrupção apurados pela Operação Lava Jato paralisaram as operações de crédito oito anos atrás.

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Dezoito empresas, entre as quais algumas das principais construtoras do país investigadas na operação, aproveitaram a presença do presidente brasileiro em Luanda para pedir a reabertura dos financiamentos no país. O valor pode chegar a US$ 100 milhões (por volta de R$ 487 milhões).

Na sexta-feira 25, um grupo de executivos que incluía os CEOs da Novonor (antiga Odebrecht), Hector Nunez, da Andrade Gutierrez, Carlos Souza, e da Queiroz Galvão, Gustavo Guerra, conseguiu uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no hotel Intercontinental, o mais moderno e luxuoso de Luanda, capital de Angola.

Apesar de Lula ter tomado a decisão política e dito que retomará os financiamentos, integrantes do governo veem potencial de embates e desgaste político, sobretudo no Congresso, dado o histórico da Lava Jato.

Em acordo de leniência nos Estados Unidos, a Odebrecht confessou o pagamento de propinas estimadas em U$ 788 milhões a políticos e servidores em 12 países, inclusive Brasil e Angola.

O próprio Lula virou réu numa ação penal, acusado de corrupção, organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de influência internacional, em decorrência de delações dos executivos da construtora. O caso ficou conhecido como “esquema Angola” e foi apurado na Operação Janus. Havia suspeita sobre a atuação dele entre 2008 e 2015, no cargo de presidente e fora dele.

Os ex-executivos da Odebrecht relataram conversas com pedido de ajuda a Lula. Havia suspeita de repasses de R$ 30 milhões à empresa de um sobrinho de Lula e pagamentos por palestras do petista, como contrapartida, além de despesas de familiares. Depois, Marcelo Odebrecht recuou, e os depoimentos se chocaram. O Ministério Público chegou a pedir a absolvição do petista, em parte dos crimes. Lula negou irregularidades, e sua defesa conseguiu encerrar o processo no Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Tratativas de empresas alvo da Lava Jato para financiamento para obras em Angola

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A Odebrecht, Que Passou A Se Chamar Novonor | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Ciente da sensibilidade do assunto, Haddad orientou que os empresários tomem a dianteira e manifestem seus interesses e necessidades por meio de uma carta à sociedade, ao Executivo e ao Congresso. Para o ministro, cabe a eles pedir os recursos e indicar como vão fazer para adotar mecanismos de transparência e controle, a fim de evitar novos escândalos de suborno e pagamento de propina, seja no Brasil ou em Angola. Haddad disse que, do contrário, a liberação de dinheiro a Angola pode “cair na vala do Fla-Flu” e acabar barrada pela disputa política.

“Eles precisam explicar ao país o que está afetando a vida das empresas, para que o debate seja aberto, feito à luz do dia, com tranquilidade”, afirmou Haddad ao jornal O Estado de S. Paulo, depois do encontro. “O ambiente no Brasil sobre isso é delicado. O ambiente no Congresso é muito desfavorável a esse tipo de ação.”

O ministro da Fazenda disse que não discutiu valores com os empresários. O jornal O Estado de S. Paulo apurou, porém, que os executivos fizeram chegar a diplomatas o desejo de obter uma linha de crédito de ao menos U$ 100 milhões.

Novonor, e Queiroz Galvão foram procuradas, mas não se manifestaram. A Andrade Gutierrez disse que não comentaria.

Revista Oeste, com informações da Agência Estado e do jornal O Estado de S. Paulo

Leia também: “O PT quer a Eletrobras”, reportagem de Carlo Cauti publicada na Edição 179 da Revista Oeste

Fonte: revistaoeste

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