disse nesta segunda-feira que não pretende enviar armamentos e munições do Brasil para ajudar a Ucrânia na guerra com a Rússia. A fala ocorreu durante a visita oficial do primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, a Brasília. Após a recepção, o chanceler e Lula fizeram um pronunciamento conjunto e responderam a questionamentos dos jornalistas.
Lula rejeitou a possibilidade quando foi questionado se o país teria interesse em fornecer armas à Ucrânia por meio da Alemanha, que é um dos principais aliados do governo de Volodymyr Zelensky na Europa. O brasileiro se comprometeu, contudo, a buscar um diálogo entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o seu par ucraniano com vistas a negociações de paz.
“A primeira coisa que eu queria falar é em relação às munições. O Brasil não tem interesse em passar as munições para que elas sejam utilizadas entre Ucrânia e Rússia. O Brasil é um país de paz, o último contencioso nosso foi na Guerra do Paraguai e, portanto, o Brasil não quer ter qualquer participação, mesmo que indireta, porque acho que neste instante do mundo nós teríamos que estar procurando quem é que pode ajudar a encontrar a paz entre Rússia e Ucrânia. Nós precisamos encontrar alguém porque até agora a palavra ‘paz’ é muito pouco utilizada”, disse.
No último dia 22, Alemanha e França se comprometeram a enviar mais armamentos para a Ucrânia. Sabe-se que Lula tem relação de proximidade com Putin e que o Brasil depende de fertilizantes russos para suprir a sua demanda interna.
Por outro lado, a reunião com Scholz encerrou um período de quatro anos sob o governo de sem visitas do chanceler federal alemão a Brasília e sem convites para o chefe do Executivo brasileiro viajar ao país europeu. O interesse da Alemanha é retomar um vínculo histórico com o Brasil que inclui investimentos sobretudo no Meio Ambiente, algo que é tido como vantajoso pelo governo do petista. Lula, contudo, não poupou críticas aos esforços de guerra na Europa.
“Acho que a razão dessa guerra entre Rússia e Ucrânia precisa ficar mais clara, se é por causa da Otan, se é por causa do território, se é por causa da entrada na União Europeia, coisa que o mundo tem poucas informações. A única coisa que eu sei é que, se eu puder ajudar, eu vou ajudar. Como, eu não sei. Mas, se for preciso conversar com o Putin, se for preciso conversar com o Zelensky, eu não vou ter problema nenhum de conversar para encontrar a paz. O que é preciso é construir um grupo, com força suficiente que seja respeitado numa mesa de negociação e sentar com os dois porque eu não sei quando essa guerra vai parar se continuar nessa inanição que nós estamos vivendo”, disse.
O chanceler alemão afirmou que o seu país condenou a guerra desde o princípio e que a a tentativa da Rússia de anexação à força de territórios vizinhos são violações do Direito Internacional. Scholz lembrou que já há uma pressão internacional, inclusive com resolução na Assembleia Geral da ONU da qual o Brasil é signatário, para a retirada das tropas russas do território ucraniano, mas, segundo ele, Putin “parece fiel aos seus objetivos”.
“A Rússia não pode ficar com uma parte do território como resultado desta guerra. Creio que nós somos unânimes, na comunidade internacional, nas resoluções na Assembleia Geral e na posição do Brasil, que são inequívocas. Há cada vez mais pessoas dizendo que precisamos exercer uma pressão [pela paz], é algo que também se reflete nas resoluções da Assembleia Geral da ONU. Não sabemos como vamos conseguir fazer isso porque o presidente russo parece fiel aos seus objetivos e por isso é preciso exercer pressão para que ele realmente abra mão deles”, disse.
Fonte: Veja