Um poderoso alucinógeno conhecido como dimetiltriptamina (DMT) pode ajudar na busca por novos tratamentos para a depressão. As substâncias naturais contendo DMT são usadas há séculos em rituais por tribos amazônicas. A droga produz uma experiência psicodélica intensa, mas de curta duração, geralmente de 20 a 30 minutos.
O DMT causa diversas alucinações, como visões vívidas e bizarras, uma sensação de estar “visitando” realidades ou dimensões alternativas e estados que parecem semelhantes a experiências de quase morte. Testes sugeriram que essas viagens, quando combinadas com terapia, podem ajudar a tirar as pessoas da depressão severa.
A pesquisa mostra que ela altera a atividade de partes do cérebro. Essas regiões estão ligadas a funções de “nível superior”, como linguagem, semântica e imaginação, que os pesquisadores acreditam estar na raiz de nosso senso de identidade. O estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), foi o primeiro a rastrear a atividade cerebral antes, durante e depois da experiência com DMT com tantos detalhes.
A depressão é um transtorno comum, mas sério, que interfere na vida diária, na capacidade de trabalhar, dormir, estudar, comer e aproveitar a vida. É causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. O transtorno acomete, em todo o mundo, mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades.
De acordo com as pesquisas, o DMT interrompe as conexões de partes do cérebro responsáveis pela linguagem e pela imaginação e as coloca em um estado “anárquico” temporário. Assim, o paciente reescreve as próprias experiências. Isso permite que o paciente “reinicie” a percepção da própria identidade. Na prática, a pessoa desenvolve a capacidade de escapar de ciclos repetitivos de pensamentos e sentimentos negativos.
O DMT é o principal ingrediente da ayahuasca — uma bebida psicodélica preparada a partir de cipós e folhas e usada em cerimônias na América do Sul e Central.
O estudo recrutou 20 voluntários, que receberam uma dose de 20 miligramas de DMT por via intravenosa. Eles foram examinados para verificar sua saúde mental e permaneceram em uma máquina de ressonância magnética enquanto recebiam a droga. A atividade cerebral também foi rastreada usando eletroencefalografia (EEG).
Mudanças foram observadas em todo o cérebro, mas as mais profundas ocorreram em regiões ligadas a processos “superiores”. Anteriormente, pensava-se que as maiores mudanças seriam vistas em partes mais antigas do cérebro, responsáveis por funções como visão e habilidades motoras.
Em janeiro, um pequeno teste sugeriu que o DMT poderia oferecer com sucesso os tratamentos para a depressão grave. A pesquisa, financiada pela empresa de biotecnologia Small Pharma, envolveu 17 pacientes com depressão moderada a grave, que receberam o medicamento e a terapia. Após duas semanas, aqueles que receberam a droga tiveram uma queda significativa nos sintomas depressivos, em comparação com 17 outros voluntários que não a receberam.
Fonte: revistaoeste