Cercada de mata nativa típica do continente europeu, ao lado de um lago azul, uma mansão aos poucos se deteriora. Localizado ao norte de Berlim, o imóvel pertenceu a Joseph Goebbels à época do Estado nazista, pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial.
Depois da queda do nazismo e a divisão da Alemanha, o regime comunista da Alemanha Oriental construiu um conjunto de dormitórios no local, que serviu para acomodar uma escola de doutrinação. Atualmente, a propriedade pertence ao Estado alemão, mas custa caro aos cofres públicos.
As edificações encontram-se em um campus de oito hectares, que revelam características do regime totalitário.
Segundo reportagem do jornal a construção é onerosa demais para a Alemanha manter. Manchada pela história, é ainda muito cara para os investidores imobiliários. Ao invés de vendê-la, a solução encontrada por Berlim foi doá-la (desde que o beneficiário se submeta à aprovação do governo).
Em comentários no Parlamento, o senador estadual de finanças do país, Stefan Evers, sugeriu a retirada da propriedade das mãos do governo, sob pena de ser demolida.
Apesar das consultas recebidas para uso do local, entre as quais a de uma clínica de odontologia, nenhuma oferta se mostrou adequada à propriedade.
À medida que a direita volta à política alemã, a tendência é lembrar o passado, para nunca esquecê-lo. De acordo com o historiador Peter Longerich, autor de Goebbels, uma biografia, por anos na educação ignorou-se muitos fatos.
“Ninguém tem um senso maior de lidar com o passado do que os alemães, então há um processo contínuo”, disse o autor da obra. “Poder ser que, com o tempo, a ignorância precise ser superada e as pessoas achem necessário preservar este espaço. ”
Somente a manutenção básica da propriedade custa € 280 mil ao ano (o equivalente a R$ 1,6 milhão). Além de cara, a restauração traz à tona questão delicada, como lidar com estruturas usadas no passado como instalações nazistas e comunistas.
Quem percorre a mansão de Goebbels ainda poderá notar detalhes arquitetônicos típicos entre os líderes nazistas da época, como janelas de grandes dimensões na sala de estar. Adotou-se os mesmos recursos no retiro de férias de Hitler nos Alpes Bávaros. Nos fundos da casa, existe um bunker, por precaução.
Fonte: revistaoeste