Cientistas do Instituto Seti disseram que há evidências de uma geleira antiga em Marte, na parte oriental do chamado Noctis Labyrinthus (“O labirinto da noite”, em tradução livre). Um relatório sobre os resultados do estudo foi apresentado durante a 54ª Conferência de Ciências Lunares e Planetárias, realizada entre 13 e 17 de março deste ano.
Os pesquisadores não encontraram gelo de água, o “gelo comum”, nos sedimentos, mas, sulfatos hidratados e hidroxilados. Esses sais possivelmente se formaram de um resultado entre a interação de cinzas vulcânicas, ou sedimentos piroclásticos, com gelo glacial no passado.
“Esta região de Marte tem uma história de atividade vulcânica”, explica Sourabh Shubham, coautor do estudo. “E onde alguns dos materiais vulcânicos entraram em contato com o gelo da geleira, reações químicas teriam ocorrido na fronteira entre os dois, para formar uma camada endurecida de sais de sulfato. Esta é a explicação mais provável para os sulfatos hidratados e hidroxilados que observamos neste depósito de tons claros.”
“O que encontramos não é gelo, mas um depósito de sal com as características morfológicas detalhadas de uma geleira”, disse Pascal Lee, líder da equipe. Para a descoberta, os pesquisadores analisaram dados do High Resolution Imaging Science Experiment (HiRISE) no Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), da Nasa.
Remains of a Modern Glacier Found Near Mars’ Equator Implies Water Ice Possibly Present at Low Latitudes on Mars Even Today https://t.co/4z97oEEKkB#Mars #Astrobiology #LPSC2023 pic.twitter.com/STdkVcCY1q
— SpaceRef (@SpaceRef) March 15, 2023
Sobre a geleira em Marte
A geleira está localizada a 160 quilômetros (km) a noroeste da cratera Oudemans e mede cerca de 2 a 4 km de largura e 6 km de comprimento. Seu formato consiste em sedimentos leves, que mostram uma estrutura linear e “em forma de arco”. Há também padrões de fratura concêntricos e em forma de cunha e dobras.
Sobre a formação das geleiras, Lee disse que os pesquisadores acreditam “que o sal se formou no topo de uma geleira, preservando a forma do gelo embaixo, até detalhes como campos de fendas e bandas de moreias”.
“E nós sabemos sobre a recente atividade glacial em Marte, mas até agora apenas em latitudes mais altas”, acrescentou o cientista. “Uma geleira relativamente jovem neste local nos diz que Marte experimentou gelo superficial nos últimos tempos, mesmo perto do equador, o que é novo.”
A geleira perdeu todas, ou a maioria, de suas reservas de gelo com o passar do tempo, mas os depósitos de sal permaneceram, assim, preservaram a morfologia primária da geleira. É provável que ainda exista alguma quantidade de gelo na geleira, isolado do ambiente externo por sedimentos.
Fonte: revistaoeste