Até semana passada, qualquer usuário do Spotify podia acessar uma playlist intitulada “Musikkorps Der Leibstandarte — SS Adolf Hitler Radio”, nomeada em homenagem ao corpo de guarda-costas pessoal do líder nazista, de acordo com uma análise feita pela revista americana Rolling Stone. O próprio serviço de streaming gerava a lista de faixas da playlist com base no algoritmo de cada usuário, chegando a tocar a música Luftwaffenmusikkorps 3, uma saudação à força aérea nazista.
Vários conteúdos que defendem ideologias neofascistas foram excluídos do aplicativo depois de uma investigação da Rolling Stone. Entre as mídias, estava um podcast chamado RaHoWa (abreviação de “Racial Holy War”, ou Guerra Racial Sagrada).
As regras da plataforma Spotify proíbem “conteúdo que incite violência ou ódio contra uma pessoa ou grupo de pessoas com base em raça, religião, identidade ou expressão de gênero, sexo, etnia, nacionalidade, orientação sexual, status de veterano, idade, deficiência ou outras características associadas a discriminação ou marginalização”. Apesar disso, várias “músicas de ódio” continuam na plataforma e seu algoritmo era capaz de não só abrigar, mas também gerar, uma playlist nazista.
De acordo com análise da revista americana, o conteúdo não está restrito ao Spotify e também pode ser encontrado nos catálogos do Apple Music, Tidal e Amazon Music. Todos os serviços contem estilos como “NSBM” (black metal nacional-socialista), “fashwave” (uma forma orgulhosamente fascista de música eletrônica), punk hardcore nazista, RAC (“Rock Against Communism,” uma forma de punk de direita) e música nazista dos anos 1930 e 1940.
“A música de ódio também tem sido uma maneira de milhões de dólares fluirem para o movimento global de supremacia branca e movimentos relacionados e cenas musicais”, disse Aaron Flanagan, vice-diretor de prevenção e parcerias do Projeto de Inteligência do Southern Poverty Law Center (SPLC). “É imperativo que essas plataformas sejam responsáveis por fazer cumprir seus termos e condições e remover essa propaganda odiosa”.
Enquanto esperam ações mais rígidas das empresas, especialistas fazem um alerta: “Quando as empresas fornecem uma plataforma para – e lucram com – conteúdo prejudicial, elas assumem a responsabilidade de promover a violência alimentada pelo ódio”, comentou Megan Squire, vice-diretora de análise de dados e inteligência de código aberto do SPLC.
Fonte: Veja