O governo da China criticou nesta terça-feira, 3, uma onda de medidas internacionais que tornaram obrigatória a realização de testes de Covid-19 para visitantes e passageiros chineses e ameaçou que pode tomar medidas contra os envolvidos, como os Estados Unidos e vários países europeus.
“Acreditamos que as restrições de entrada adotadas por alguns países visando a China carecem de base científica, e algumas práticas excessivas são ainda mais inaceitáveis”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, em comunicado.
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Os comentários de Pequim desta terça-feira foram os mais contundentes sobre o assunto até agora. Nesta semana, Austrália e Canadá se juntaram a uma extensa lista de nações que passaram a obrigar chineses a realizarem testes de Covid-19 antes de embarcarem em aviões com destino ao seu território.
A medida ocorre enquanto a China luta para conter um surto nacional de coronavírus, iniciado após a flexibilização de uma série de medidas contra a doença.
Países como Estados Unidos, Japão, Reino Unido e Índia alegaram que precauções eram necessárias devido à escassez e falta de transparência das informações do Partido Comunista Chinês sobre o andamento da pandemia. Também teme-se que novas variantes possam se tornar dominantes em outras partes do mundo.
Na França, a primeira-ministra Elisabeth Borne defendeu os testes e confirmou que aqueles que vierem da China para o país terão que apresentar resultado negativo para a Covid-19 com amostra colhida no máximo 48 horas antes do embarque. Os passageiros serão, além disso, testagens novamente na chegada.
O Reino Unido também seguirá as mesmas medidas. De acordo com o secretário de Transportes, Mark Harper, o objetivo é “coletar informações” sobre a situação do vírus em Pequim, uma vez que o governo chinês não compartilha informações suficientes.
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A Suécia, que acaba de assumir a presidência rotativa da União Europeia, adotou o mesmo protocolo e anunciou uma reunião de emergência do bloco para discutir, ainda nesta semana, uma ação conjunta para lidar com os passageiros vindos da China.
“O governo sueco está se preparando para introduzir restrições de viagem. Ao mesmo tempo, estamos conduzindo um diálogo com nossos colegas europeus para alinhar as mesmas regras na União Europeia”, disse o ministro da Justiça, Gunnar Strömmer, em comunicado.
As autoridades de saúde chinesas disseram na última semana que enviaram todos os dados referentes ao coronavírus para a GISAID, iniciativa científica global que fornece acesso aberto a dados genômicos do coronavírus, e que as versões dominantes em Pequim se assemelham àquelas que foram observadas em diferentes partes do mundo entre julho e dezembro passados.
Além disso, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês disse que o governo realizou uma videoconferência com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para trocar opiniões sobre a atual situação da doença e concordou em continuar com os intercâmbios médicos para acabar com a pandemia o mais rápido possível.
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Após manter a polêmica política de Covid Zero por quase três anos, o Partido Comunista cedeu à pressão popular e aliviou uma série de restrições de uma só vez: obrigatoriedade de testes, quarentenas em massa e restrições de viagens. Com a abertura abrupta, o número de infecções disparou nas últimas semanas e há relatos de hospitais e clínicas sobrecarregadas em várias partes do país.
Fonte: Veja