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Conexão inusitada: Silvio Berlusconi e o Unabomber – perspectivas de uma parceria improvável

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Na arqueologia política que culminou em populistas como Donald Trump e Jair Bolsonaro, um nome será sempre tido como pioneiro da estirpe — o de Silvio Berlusconi, primeiro-­minis­tro da Itália durante três mandatos, entre 1994 e 2011. Orador carismático, treinado em shows de música a bordo de cruzeiros, seu mundo era uma caricatura da realidade. No início, não foi levado a sério na peroração contra tudo aquilo que estava ali. Aos poucos, contudo, por meio de uma vasta rede de empresas de comunicação — que incluía emissoras de televisão a cabo, jornais e a editora de livros Mondadori, além do controle de um clube de futebol, o Milan, que adquiriu em 1986 — conquistou popularidade e votos. Com a derrocada de partidos tradicionais mergulhados na corrupção, revelada pela Operação Mãos Limpas, Berlusconi fundou no início dos anos 1990 o Forza Itália — agremiação que existe ainda hoje, sem o vigor de antes, embora faça parte da coligação de poder da primeira-ministra Giorgia Meloni.

Na gangorra que sucessivas vezes o levou e o tirou do governo, ao longo de duas décadas, Berlusconi foi alvejado por denúncias e processos. Il Cavaliere, como gostava de ser chamado, foi condenado em 2013 por fraude fiscal em uma transação de compra de direitos televisivos. A pena: trabalhar pelo menos um dia e meio por semana em uma casa para idosos. Envolvido em acusações de suposto suborno de testemunhas em episódios de prostituição de menores, atrelados às suas infames festas sexuais, chamadas de bunga-bunga, apenas em fevereiro deste ano ele foi absolvido. Em 2022, foi eleito senador — destacou-se, no novo mandato, apenas pelo irrefreável apoio a Vladimir Putin, amigo de longa data. Berlusconi tratava uma leucemia. Morreu em 12 de junho, aos 86 anos, em Milão.

Anti-herói de araque

TERRORISTA - Ted Kaczynski: responsável por três mortes e 23 feridos
TERRORISTA - Ted Kaczynski: responsável por três mortes e 23 feridos (Ralf-Finn Hestoft/CORBIS/Getty Images)

Matemático formado por Harvard, o americano Ted Kaczynski fez fama como terrorista e um codinome, a ele colado pela imprensa: o Unabomber. Entre 1978 e 1995 ele se especializou em enviar explosivos pelo correio para acadêmicos. Dizia protestar contra o uso exagerado da tecnologia e os danos ao meio ambiente — o que o transformou, tolamente, no anti-herói que não era. Matou três pessoas e feriu outras 23. A caçada a Kaczynski, até sua prisão, em 1996, virou tema incontornável daquele tempo. Ele morreu em 10 de junho, em um centro médico de um presídio na Carolina do Norte, aos 81 anos.

Publicado em VEJA de 21 de Junho de 2023, edição nº 2846

Fonte: Veja

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