A disse nesta sexta-feira, 27, que a onda de que atinge o país desde o fim do ano passado já passou do pico. De acordo com autoridades de saúde, casos graves, bem como mortes em hospitais, estão em rápido declínio. Especialistas, contudo, continuam céticos em relação aos dados oficiais do governo.
De acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC) chinês, o número de pacientes com quadros graves da doença em hospitais atingiu o pico na primeira semana de janeiro, e depois diminuiu rapidamente em mais de 70%. O número de mortes também atingiu seu nível mais alto naquela semana, segundo os dados oficiais.
Só que especialistas dizem que não é possível confiar no CDC. O professor Chi Chun-huei, diretor do centro de saúde global da Universidade de Oregon, descreveu ao jornal britânico The Guardian um modus operandi que dificulta a interpretação dos dados. Segundo ele, durante a política de Covid Zero, que deixou o país sob rígidas restrições durante três anos, as autoridades locais foram incentivadas – por meio de punições e recompensas – a o número de infecções. Depois que a política acabou, elas passaram a ser incentivadas a exagerar nas taxas de infecção e subnotificar as mortes.
Nos últimos meses, a China viu casos de se espalharam rapidamente depois que o governo encerrou, de forma abrupta, a Covid Zero no início de dezembro de 2022. Na semana passada, um alto funcionário da saúde disse que , embora não esteja claro de onde saiu esse dado.
Segundo o governo, havia 128 mil pacientes com Covid-19 grave em hospitais chineses em 5 de janeiro, o maior número desta onda. Na virada do ano, quase 10 mil novos casos de doenças graves foram registrados por dia, de 27 de dezembro a 3 de janeiro.
Mas, em 23 de janeiro, o número total de casos graves teria caído 72%, para cerca de 36 mil.
Já o número de óbitos em hospitais, ainda de acordo com dados oficiais, atingiu o ponto mais alto em 4 de janeiro, com 4.273 mortes registradas, antes de cair 79% em 23 de janeiro, para 896.
O CDC disse que o número de pessoas com “casos de febre” que visitaram clínicas médicas atingiu o pico de 2.867 milhões em 23 de dezembro, antes de cair 96,2% para 110 mil em 23 de janeiro. Um declínio semelhante teria sido observado nas visitas às clínicas rurais, com picos na mesma data.
Os dados, publicados na quarta-feira 25, foram baseados principalmente em internações em hospitais. Especialistas externos, no entanto, alertaram que isso mostra apenas uma parte do número real.
A onda de infecções da China atingiu primeiro as principais cidades, e há preocupação de que as possam espalhar o coronavírus por áreas rurais. Jornais, cemitérios e crematórios de dentro da China já reportaram altas taxas aparentes de infecção e mortes, que parecem exceder os dados oficiais.
Com o fim da Covid Zero, restrições de viagens, testes em massa, quarentenas obrigatórias e outras medidas foram abandonadas. Os sistemas de coleta de dados rapidamente ficaram muito aquém da realidade, com menos de 60 mortes registradas oficialmente nas primeiras semanas.
Testes PCR diários, segundo o CDC, caíram para 280 mil na segunda-feira 23, abaixo dos 150 milhões em 9 de dezembro. Ainda há sistemas de testagem em várias províncias, mas os números foram “afetados pela vontade da população de fazer o teste”, diz o CDC.
Fonte: Veja