Eleição para presidente, em geral, desperta no público emoção e ansiedade pela disputa acirrada — nem sempre limpa, nem sempre equilibrada, mas mesmo assim magnética. Faltando um ano e meio para a troca de guarda na Casa Branca, porém, a apatia e o desânimo reinam no eleitorado americano — sentimento amplificado pelo anúncio do presidente Joe Biden, na terça-feira 25, de que vai concorrer à reeleição em 2024. Antes dele, Donald Trump já havia se pronunciado pré-candidato republicano, antevendo-se portanto a repetição, com os mesmíssimos candidatos, da batalha de 2020. Para piorar o ar rarefeito pela ausência de renovação, Trump tem 76 anos e Biden, 80 — o mais idoso mandatário da história dos Estados Unidos. “A luta pela nossa democracia foi obra do meu primeiro mandato, mas ainda está incompleta”, afirmou o presidente no vídeo em que se pronunciou candidato, reforçando a sensação de mais do mesmo. Curvando-se à falta de alternativas (os outros postulantes até agora são Robert F. Kennedy Jr., crítico ferrenho de vacinas, e a escritora de autoajuda Marianne Williamson), a cúpula democrata concluiu que Biden é o único que tem chance de derrotar Trump. Gostar, ninguém gostou: pesquisa da NBC mostra que 70% dos americanos não querem que ele seja candidato, principalmente por causa da idade — sem falar no índice de aprovação de meros 40%. Os dois ainda têm de passar pelo moedor das eleições primárias, mas, se tudo continuar como está, no ano que vem os americanos (tirando o barulhento bonde trumpista) vão votar torcendo o nariz.
Publicado em VEJA de 3 de maio de 2023, edição nº 2839
Fonte: Veja