O problema com resíduos plásticos fez com que a Califórnia, há cerca de dez anos, proibisse o uso de sacolas plásticas descartáveis. Foi o primeiro Estado norte-americano a adotar a medida. Mas, o balanço atual é de que a proibição favoreceu causou o aumento de resíduos de plástico, ao contrário do que se esperava
Posteriormente, foram introduzidas as sacolas plásticas reutilizáveis e duráveis, disponibilizadas aos consumidores por um custo de US$ 0,10. Concebidas para suportar múltiplos usos e teoricamente recicláveis, muitos comerciantes as trataram como uma exceção à proibição.
Porém, por causa da sua semelhança com as sacolas frágeis que substituíram, muitos acabaram não reutilizando os objetos. Além disso, apesar de mostrarem um símbolo de reciclagem, o governo percebeu que praticamente nenhuma sacola era de fato reciclada.
Quase dez anos depois, em 2023, a lei se mostrou pouco eficiente, já que os californianos descartaram mais sacolas plásticas, em termos de peso total, do que no período anterior à promulgação da lei, conforme dados da CalRecycle, a agência de reciclagem do Estado.
De acordo com o , os parlamentares da Califórnia estão empenhados em resolver esse problema. Um novo projeto de lei visa proibir todas as sacolas plásticas fornecidas nos caixas, inclusive as duráveis. Os consumidores ainda teriam a opção de adquirir sacolas de papel.
“É hora de nos livrarmos completamente das sacolas plásticas”, afirmou o senador estadual democrata Ben Allen, um dos apoiadores do projeto de lei.
Proibição de uso de sacolas plásticas foi malsucedida, diz grupo ambientalista
O diretor do grupo ambientalista Californians Against Waste, Mark Murray, disse ao jornal The News York Times que a ideia inicial foi bem-intencionada, mas malsucedida, mostrando um efeito contrário ao proposto inicialmente. “Não prestamos atenção à exceção para essas sacolas mais robustas e não antecipamos o impacto que elas teriam.”
Ele acredita que a pandemia possa ter gerado receio de contágio e desestimulado a reutilização das sacolas. Isso resultou em “uma explosão dessas sacolas plásticas mais robustas”. Basicamente, as pessoas passaram a utilizar essas sacolas mais grossas apenas uma vez, o que contribuiu para o aumento de plástico no Estado.
De acordo com alguns defensores da ação, a proibição inicial teria sido eficaz se tivesse sido aplicada da forma adequada. Em 2014, quando a lei foi aplicada, havia a permissão de venda de sacolas plásticas aos consumidores somente se fossem recicladas na Califórnia.
Segundo Jan Dell, fundadora do The Last Beach Cleanup, mesmo com a lei “nenhum fabricante de sacolas ou varejista conseguiu demonstrar qualquer evidência de que elas estavam sendo recicladas”.
Varejistas dizem ter cumprido a lei
Daniel Conway, da California Grocers Association, que representa os estabelecimentos, assegurou que os varejistas cumpriram rigorosamente a lei. Ele expressou esperança de que a nova legislação esclareça qualquer confusão sobre as sacolas mais grossas. “As pessoas estão realmente começando a adotar sacolas reutilizáveis ao fazerem compras no supermercado”, declarou Conway.
Em 2021, a Califórnia aprovou uma lei que proíbe as empresas de utilizarem o símbolo de reciclagem nas sacolas. Para utilizar aquelas “setas em movimento”, as empresas precisam provar que conseguem reciclar o material.
No ano seguinte, foi aprovado um projeto de lei transferindo a responsabilidade da reciclagem e do descarte de resíduos das comunidades locais para os fabricantes de plástico e empresas de embalagens.
Alguns Estados adotaram leis semelhantes às da Califórnia. Desde 2020, é proibido sacolas plásticas na maioria das lojas de Nova York, onde não é permitido sacolas mais grossas. Havaí, Connecticut, Delaware, Maine, Oregon, Vermont e Nova Jersey também implementaram algum tipo de proibição de sacolas plásticas.
Fonte: revistaoeste