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A dor de cotovelo de Shakira: vingança ou merchandising involuntário?

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“As mulheres não choram mais / as mulheres faturam”, provoca Shakira, evocando o mantra universal das esposas traídas. E os números de Bizarrap confirmam, com mais de 100 milhões de acessos nas primeiras horas, um verdadeiro tsunami no YouTube

Bizarramente, para combinar com o nome do rap da revanche, não é só a cantora colombiana com QI de 140, segundo o Mensa Club – nível de gênio – que está faturando.

Ao tramar a vingança cantada, ela acabou oferecendo um presentão ao ex. Gerard Piqué já está faturando com os dois produtos populares aos quais Shakira comparou a nova – bem mais nova – companheira: os relógios Casio e o humilde Renault Twingo.

“Você trocou uma Ferrari por um Twingo / Um Rolex por um Casio”, diz a música, abrindo caminho para que as duas empresas abocanhassem a oportunidade.

No mundo da publicidade, não existe menção ruim. Todas as marcas citadas por Shakira dispararam nas buscas na internet com o merchandising involuntário da cantora e Piqué não está achando nada ruim, muito pelo contrário. Já tem contratos com as duas marcas.

Mencionar produtos em troca de pagamento não é nenhuma novidade no mundo da música, em especial do rap, com apelações que vão desde um coro entoando “Bacardi” (Jagged Edge e Nelly) até malabarismos de circo feitos por Kanye West para encaixar os caminhões de mudança da U-Haul numa de suas sempre inesperadas sequências de rimas. Os Beastie Boys louvaram o Lincoln Continental, celebrando o carro tipo limousine que acomodou “seis menininhas” numa festa de formatura.

A era dos influenciadores das redes sociais criou praticamente um novo universo para a história do merchandising – merchã, em português corrente. Em inglês, a expressão mais usada é product placement e o primeiro caso registrado é o de Joan Crawford, num filme de 1945. Como a personagem principal, Mildred Pierce, ela aceita um uísque de um pretendente, um rico falido que abre um armário de bebidas e, nada sutilmente, tira uma garrafa de Jack Daniel’s.

A primeira versão para o cinema da série Sex and the City tem nada menos do que 89 produtos “encaixados” na narrativa – nada difícil, considerando-se que gira em torno da altamente consumista Carrie Bradshaw e suas amigas igualmente loucas por moda.

Kim Kardashian fez história quando se tornou a primeira influenciadora a receber um milhão de dólares para mostrar um produto. Como potência para os negócios que é, logo passou a promover seus próprios produtos – calcinhas, sutiãs, modeladores, entre outros -, turbinando a ascensão para uma fortuna de 1,8 bilhão de dólares (e ainda tem gente que acha que ela é só um gigantesco par de nádegas).

Kim praticamente criou o modelo de negócios que hoje impera nesse meio e foi igualmente desbravado pela meia-irmã Kylie Jenner, com 900 milhões de dólares criados a partir de batons e outros produtos para os lábios.

Comparadas a elas, Shakira é até modesta, com fortuna na casa dos 300 milhões de dólares. Com uma inteligência tão formidável, a cantora derrapou com os profissionais que administram sua fortuna, aceitando os conselhos de declarar domicílio fiscal nas Bahamas. O Fisco espanhol fez um levantamento de sua vida que parece coisa do Inspetor Javert, o vilão de Victor Hugo em Os Miseráveis.

A varredura, incluindo até recibos do cabeleireiro, demonstra que ela passava pelo menos 183 dias por ano em Barcelona, o que a obrigaria a fazer a declaração de renda na Espanha. A Receita pede um pagamento de 14,5 milhões de euros referente ao período de 2012 a 2014. Teoricamente, o processo por fraude fiscal também pode dar até oito anos de prisão.

É a isso que Shakira se refere (e ao fato de que Piqué colocou a mãe numa casa pegada à sua) quando canta: “Você me deixou com a sogra de vizinha / Com a imprensa na porta e com a dívida com a Receita”.

“Do amor ao ódio, há um passo”, espeta a colombiana, passando recibo da traição que, segundo a rede de intrigas que cerca o caso, percebeu quando voltou de viagem e viu que a geleia de morango que nem Piqué nem os dois filhos do casal comiam havia diminuído na geladeira.

“Uma loba como eu não é para tipos como você”, uiva ela.

Mas o ex-zagueiro, embora tenha chorado ao pedir uma segunda chance, segundo as últimas fofocas, não tem nada de cordeirinho. Pretende nada menos que revolucionar o futebol com uma nova liga com algo de reality show e novidades como um jogador mascarado, entre outras heterodoxias voltadas para atrair o público jovem.

Quem vai rir por último é uma pergunta ainda em aberto.

Se os céus não conhecem fúria igual à de uma mulher rejeitada, as redes sociais estão revelando que o merchandising involuntário de Shakira pode criar um novo paradigma para casais que se separam com briga feia: quem fatura mais com o litígio.

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Fonte: Veja

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