Sob o tema “Guardiãs da Memória”, a marca Catarina Mina, com direção criativa de Celina Hissa, fez sua estreia na SPFW na última sexta-feira (12). Cerca de 40 looks em homenagem às artesãs cearenses, que preservam e compartilham suas tradições e saberes, foram desfilados pela passarela.
Combinado diferentes técnicas artesanais, que vão do bordado filé de Jaguaribe ao bilro de Trairi, incluindo o uso de palha de carnaúba e croá, a coleção também levou o crochê – DNA da etiqueta – em suas produções.
Valorizando o trabalho manual há 15 anos, Hissa reflete, com exclusividade à CNN, a importância de colocar essas artesãs em um cenário de protagonismo.
“A gente sabe o quanto a igualdade de gênero é necessária e a Catarina Mina trabalha isso de maneira muito forte”, começa.
“O artesanato é, para muitas artesãs, a principal fonte de renda, é uma oportunidade de estar trabalhando de casa, cuidando dos filhos, gerando uma independência financeira. Falando do meu lugar, do Ceará, o Ceará artesanal, do nordeste, é muito relevante, por isso a gente vê a importância de trazê-las para esse lugar de protagonistas da história”, conta.
Para Hissa, o desfile é como um grande ato simbólico.
“Muitas vezes, esse lugar fica invisível e são essas mulheres, guardiãs de uma memória artesanal, para além da representação feminina nesse lugar de empoderamento financeiro, que, muitas vezes, não se encaixam em um cenário pós-moderno, contemporâneo e acelerado”, afirma.
“A gente precisa olhar para essa cultura guardada há tanto tempo. Às vezes, nesse lugar coletivo, colaborativo, esteja também as soluções de sustentabilidade, de um olhar mais igual, tanto pra gente, quanto ao outro”, ressalta.
Valorizando as essências
Ainda à CNN, Celina entrega que existe uma dificuldade muito grande em empreender em um cenário em que a imagem tem mais importância do que a essência.
“Acho que essa é a maior dificuldade que nós, comunicólogos, temos. Como é que a gente, como sociedade, consegue ver para além do que é mostrado no Instagram? Como é que a gente consegue entender o que tem por trás?”, questiona.
“Nessa sociedade acelerada e midiática, às vezes a gente não consegue se aprofundar e isso é uma questão para quem trabalha com propósito”, adiciona.
Presença de Astrid Fontenelle
Na passarela, os diferentes materiais se misturavam, ganhando vida a partir de saias, camisas, vestidos, conjuntos de shorts e casacos, além de acessórios como bolsas, brincos e pulseiras.
Tudo isso, combinando uma cartela de cores modernas e vivas, como rosa, amarelo, laranja, verde, branco e cru.
No casting diverso, um nome também roubou a cena: Astrid Fontenelle, que comemorou o momento.
“Quando recebi o convite da Celina Hissa, explodi de alegria. A Catarina Mina é uma marca brasileira, nascida no Ceará e que trabalha com artesãs incríveis. O que isso é potente poucos imaginam, pois foi por isso que aceitei. Empoderar essas artistas, mostrar com orgulho a produção de moda mande in Brasil e fazer uma provocação: por que pagar pau para bolsa de crochet italiana se é no Brasil que já fazemos lindo? Salve a moda brasileira!”, disse nas redes sociais.
Ao final do desfile, algumas das artesãs que estavam na fila A do desfile, foram aplaudidas de pé pelo público ao lado da estilista.
Fonte: cnnbrasil