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Novo filme de terror nacional: Propriedade promete abrir caminho para a excelência assustadora!

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Você é um cara muito rico. Fazendeiro. Acabou de comprar um carro importado super tecnológico que liga sob o comando de sua voz. Você é um rural que morou a vida toda numa fazenda e descobre que tua única fonte de renda vai acabar. São esses dois mundos que unem os personagens de Propriedade, filme nacional de 2023, dirigido por Daniel Bandeira, disponível na Netflix.

Propriedade é um filme de terror que não apela para o sobrenatural e, sim, pelo real.

O que acontece quando os oprimidos têm a chance de tomar à força aquilo que acham ter direito após anos de exploração.

No meio desses dois mundos tão distintos – patrão e empregado – está Tereza (Malu Galli). A mulher de meia idade é traumatizada por ter sobrevivido a um atentado. Virou refém sob a mira do de um assaltante. Na primeira cena do filme, acompanhamos esse drama e seu desfecho traumatizante.

Propriedade Netflix
Tereza (Malu Galli) Descobre Que Os Empregados Cortaram Sinal De Celular; Único Refúgio É O Carro Blindado

Corta para a vida dos sonhos. Família cheia de grana para comprar todos os confortos possíveis, filhos, empregada de confiança.

Num fim de semana, o casal resolve ir para a fazenda para descansar. E para que Tereza possa esquecer o trauma do assalto.

No novo carro blindado da família, o casal segue pela estrada quase sem contato.

A frieza entre os dois mostra bem o quanto Tereza quer apenas um buraco para se esconder, em silêncio, enquanto a estresse pós-traumático trabalha.

O marido, Roberto (Tavinho Teixeira), se esforça para que ela se recupere rapidamente. Mas do jeito que um homem de negócios lida com as situações. É prático. Pronto, já passou. Vamos, recupere-se.

Ele não é muito afeito a sentimentos, como vai ficar claro no sentimento dos empregados da fazenda por ele.

O local vai virar um hotel.

E os funcionários serão dispensados.

Eles acabam descobrindo essa informação da pior forma possível – envolvendo um assassinato – e a situação é conduzida para um total pandemônio.

Todas as privações, os abusos, a submissão transformam-se em revolta.

E, novamente, Tereza se vê numa situação de crise. Ainda mais grave do que a que tinha vivenciado há pouco.

Seu único abrigo contra os empregados furiosos é o carro blindado.

Propriedade esbanja tensão nas tentativas de invasão do veículo e no desespero da mulher em manter-se segura.

Ela não consegue ligar o veículo e sair porque ele só funciona por voz e com uma palavra-chave.

Roberto, antes da viagem, teve o cuidado de gravar a voz da esposa no carro e de lhe fornecer a senha. Porém, ela achando que era mais exibicionismo do marido do que uma situação crucial de segurança, não se lembra da frase.

As situações desastrosas vão se acumulando e os personagens se revelando. A mulher que vira uma líder implacável, a mocinha ambiciosa que se alia ao “inimigo”.

Um jogo de gato e rato contado com muita competência.

O filme, apesar de se passar quase todo em um único cenário, é ágil e hábil em mostrar uma realidade triste de nosso país.

Como as pessoas são descartadas quando não mais têm papel essencial na economia de uma família, de uma empresa.

Como as pessoas são inocentes em depositar a vida na confiança de que patrões são , cuidadores, e que, em troca de seus serviços, zelarão por seus destinos pra sempre.

De oprimido a dono de seu destino.

Tereza sofre demais enquanto busca sobreviver nessa guerra entre classes sociais.

Os empregados querem sumir com os donos para tomar conta da fazenda. Inocência, claro, não pensar que investigações serão feitas e que culpados serão encontrados.

Mas que vivência eles têm sobre leis? A não ser a da sobrevivência?

O final é de cair o queixo. Totalmente desesperador.

Propriedade está entre os melhores

Propriedade está, sem dúvida, entre os melhores do gênero do ano passado.

É para roer as unhas. É para prender a respiração. É para sentir cada golpe que acaba em gritos de dor.

Ponto para o cinema e para Daniel Bandeira.

Que colocou um assunto tão necessário dentro de um gênero tão explorado por produções estrangeiras rasas.

Que o terror possa falar mais com as pessoas.

E que traga mais sustos como esses, de Propriedade, para nos fazer pular das cadeiras do conformismo.

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Fonte: primeirapagina

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