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Mulheres esgotadas: desvendando sua história e desafios

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Precisamos falar sobre a Síndrome das Mulheres Incansáveis.
Resultado da revolução da geração das nossas mães, as mulheres que hoje estão na faixa dos trinta, quarenta anos, êm mais um assunto a somar aos tantos que nos levam à terapia: a obrigação de jamais cansar.

A mulher que chamamos de guerreira é, na verdade, uma mulher exausta. Não é admirável a mãe que trabalha fora e lida com o estresse comum a qualquer profissional, cuida da casa, dos filhos e do marido (que é um ser humano adulto e funcional, sem a menor necessidade de ser cuidado como uma criança), vai para academia porque a pressão estética só aumenta conforme ela envelhece, tenta ter uma vida social razoável e tudo isso enquanto evita enlouquecer. Ela não é digna de admiração, ela precisa de ajuda.

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O Brasil tem, em média, 11 milhões de mães abandonadas, mulheres que assumem sozinhas todo o arranjo familiar, criando filhos, sem apoio financeiro e psicológico. Essas mulheres não têm outra alternativa a não ser viver como se fossem, de fato, incansáveis. Mas não são.

  • Essas são as mulheres que todo mês estão na farmácia do SUS buscando seu . São aquelas questionadas no trabalho porque estão de cara fechada, e convidadas a sorrir, porque o ambiente precisa ficar mais leve.
  • São as mulheres que pegam quatro ônibus para os dois empregos durante a semana, e no final de semana fazem um bico na lanchonete do bairro para complementar a renda. Essa é a mulher que conversa com a filha adolescente no jantar, único momento de descanso que ela tem, para explicar a razão de não ter como comprar as roupas que as influencers usam.
  • Essa é a mesma mulher que não compra roupa para ela há 2 anos porque tá tudo muito caro. É ela que chora sozinha depois que os filhos dormem, chora de pura exaustão, porque no dia seguinte às 6h em ponto começa tudo de novo e aí não dá tempo, nem de chorar.
  • Essa é a mulher que dá conta de um milhão de demandas porque precisa.

Você já parou para pensar quantas mulheres na periferia já ultrapassaram a fronteira do Burnout há muito tempo, mas continuam trabalhando, chorando no banheiro, comendo miojo e sobrevivendo, porque não têm opção?

É muito fácil taxar uma mulher de louca, quando você não faz a mais pálida ideia do que ela precisa suportar.

A mulher que deixa os pratos caírem está exausta, não está de TPM. A gente não tem o direito de reduzir a um descompasso hormonal a realidade que pesa sobre essas criaturas em que a sociedade pendura uma medalha de “Guerreira”, faz um textão e esquece, porque é mais fácil assim. É menos trabalhoso elogiar o esforço da forma mais vazia possível, do que ajudar.

É bonito falar sobre quando essa mulher não tem um , quando ela não é a moça que trabalha na copa e vem servir café com os olhos inchados de chorar. É fácil você achar que a mulher solteira está nervosa porque não tem um homem, porque é mal-amada, sem lembrar que ela banca tudo sozinha e provavelmente está preocupada se terá dinheiro para comer depois do dia 20. É lindo criticar o trabalho da mulher ao seu lado, quando você não perdeu um minuto de sono para fazer, e não moveu uma palha sequer para contribuir.

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um ranço danado desse papo sobre empatia que entope as timelines no instagram, mas não se vê uma única demonstração real na rotina. Falar, até papagaio fala. Quero ver você se importar de verdade a ponto de aliviar a carga da mulher que está no limite.

Mulheres cansadas precisam de ajuda para carregar o fardo. Fazer isso é um ato de solidariedade como qualquer outro – doar sangue, levar cesta básica, fazer pix para a vaquinha, ser voluntário. É horrorosa a sensação de carregar o mundo nas costas e não poder colocar de lado um pouquinho, só para tomar fôlego. É um absurdo pensar que seu único momento de alívio é dormindo, quando a inconsciência te dá a trégua que o corpo pede.

Normalizamos a exaustão feminina como um mérito. Não há nada de heroico em aguentar a vida como uma obrigação, agradecendo todo dia pela saúde, simplesmente para continuar aguentando.

Quer ouvir a história das mulheres cansadas? Bem, olhe para o lado. Olhe para a primeira mulher que encontrar, mande o clássico “está tudo bem com você?” e fique atento ao olhar dela, não ao que ela vai te dizer. O mundo seria um lugar bem melhor se olhares cansados fossem compreendidos com a mesma velocidade que os julgamentos acontecem.

Fonte: primeirapagina

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