Com uma vida dedicada a fazer da fé um instrumento de cura, a rezadeira Odete de Oliveira Seizer, aos 73 anos, protagoniza curta-metragem que evidência o protagonismo feminino na umbanda.
O filme “Madrinha e Rezadeira na Cultura Afro-Ameríndia” estreia nesta quinta-feira (8), na Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande.
Produzido pelo pesquisador Valter Souza da Silva, o curta-metragem foi gravado entre abril e maio deste ano. Na prática, explica Valter, o filme mostra como ocorrem os rituais de batismo na umbanda.
“É um breve apanhado de como é esse processo de batizar, desde os preparativos até a cerimônia em si. Mostra como a figura da madrinha e dos sacerdotes ou das sacerdotisas buscam se fortalecer junto às forças da natureza no arquétipo dos orixás para daí trazer o axé e dispensar para os seus afilhados e membros da comunidade”.
Valter Souza da Silva, pesquisador.
Entre as locações do curta-metragem estão o Terreiro de Umbanda Pai João do Congo, no bairro Nova Campo Grande, centro em que Odete atua; as pedreiras da rodovia MS-080 e a Cachoeira da Macumba, no anel rodoviário de Campo Grande.
“Percorremos esses caminhos para mostrar os preparativos de uma sessão de batismo. O curta também é permeado com falas e cânticos sagrados entoados durante os rituais”.
Valter Souza da Silva, pesquisador.
Mulheres que ocupam a posição de madrinha na umbanda, explica Valter, representam a perpetuação de saberes ancestrais do sagrado feminino, o acolhimento e cuidados afetivos.
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“A rezadeira, a madrinha, é aquela que a comunidade enxerga como pessoa capaz de dar um apoio emocional, psicológico, uma acolhida”.
Valter Souza da Silva, pesquisador.
Natural de Aquidauana, dona Odete é rezadeira em Campo Grande há cerca de 10 anos. Entre as várias funções que a mãe de santo desempenha no terreiro está justamente a de acolher qualquer pessoa que chegue em busca de um pedido de proteção, através de suas rezas.
Por meio da figura de “madrinha Odete” o curta-metragem é um convite a observar os costumes de uma religião que ainda é alvo frequente de preconceito e estereótipos.
“A cultura de matriz africana ainda é marginalizada, inclusive, esse é um dos fatores que fazem com que os centros, os terreiros, as casas de santo sejam nas periferias, é por conta desse processo de empurrar para a margem, do fato deles não serem aceitos. O documentário também tem essa levada de quebrar esses estigmas que são associados à cultura de matriz africana.”
Valter Souza da Silva, pesquisador.
Estreia
Madrinha e Rezadeira na Cultura Afro-ameríndia
Data: 08/08/2024
Horário: 19h
Entrada: gratuita
Local: Bloco Azul D sala S9 – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Av. Dom Antônio Barbosa, 4155 – Vila Santo Amaro, Campo Grande.
Fonte: primeirapagina