Logo na entrada, o público já deve conferir um portal memorial de Dona Domingas, que remete ao oratório, da Domingas benzedeira, sobretudo da ancestralidade e espiritualidade dela. Quase como se as pessoas estivessem entrando em um oratório até o público se assentar para ver o espetáculo, que tem duração de 1h30.
Serão 22 momentos que contarão toda a trajetória de Dona Domingas e seus antepassados, desde a sua mãe Joana Maria, e as memórias de sua vó Tola, indígena Coxiponés, até chegar a atualidade, que se formou a Associação Cultural Quintal da Domingas e o premiado Grupo Flor Ribeirinha, que ao longo de 31 anos vem encantando o mundo, com seu figurino, o tocado, a música e a roda da saia sem igual, que faz a cênica da dança.
Serão cenas que evocam suas raízes indígenas, a força das mulheres ribeirinhas estampadas em suas paredes grafitadas, bem como os saberes ancestrais de seu legado, onde o grupo Flor Ribeirinha e convidados levam o público a uma jornada de fé e tradição às margens do Rio Cuiabá, com as influências culturais, a ancestralidade da cerâmica, da gastronomia e vivências.
Neste contexto, conta com a participação de convidados como o Coro Experimental MT, Estela Ceregatti, Ópera Ballet e o grupo Semente Ribeirinha. O espetáculo terá a direção geral de Avinner Silva; musical de Jefferson Neves; direção coreográfica de Mariana Laura, Daniele Morais e Michel Brito, os figurinos por Rammer Conde e Edilaine Domingas, filha de anfitriã. O roteiro é de Aline Veloso e a identidade visual do renomado artista Adriano Figueiredo.
“Queremos que o público sinta a alma ribeirinha pulsar em cada cena e que saia com um profundo respeito por essa herança”, frisa Avinner Silva, neto de Domingas.
Dona Domingas, ribeirinha nascida em São Gonçalo Beira Rio, é doutora Honóris Causa pela Universidade Federal de Mato Grosso, vencedora do Prêmio Nacional Mestre da Cultura Popular em 2018 e fundadora do Grupo Flor Ribeirinha, que tem 31 anos de existência.
“Eu já tinha frequentado vários quintais cuiabanos, mas nenhum se comparava com aquele. Eu me encantei com aquele lugar, com aquela gente, com tudo o que eles viviam ali, era muito canto, muita risada: de um lado um grupo brincava, de outro tocava música, em outro o povo conversando; e viviam todos juntos, como uma grande família naquele imenso quintal. Parecia que vivia ali uma comunidade indígena, mesmo! Algumas casas tinham coberturas de palha, e não tinha nada, além de chão de terra, com muita mangueira e muita criança. Aquilo ficou em minha memória afetiva, principalmente a Figueira”, conta Cybele Bussiki, presidente do Instituto INCA-Inclusão, Cidadania e Ação, co-realizador do espetáculo Bença Vó.
Bussiki morou muitos anos no bairro do Porto e todas as casas onde frequentava ainda tinham enormes quintais. “Por exemplo, eu ia na casa das minhas primas, da família Nadaf, onde ficava a Casa das Redes, e atrás existia um quintalzão que dava lá na avenida Mário Corrêa. Ali a gente tinha jacote, caju, além da manga. E a primeira visita no quintal da Domingas eu fui com a minha mãe, pois precisava de uma dança regional para apresentar, quando eu era bailarina. Ela me levou até São Gonçalo Beira Rio. Exatamente no berço em que eu bebi todas essas fontes e tomei ciência de todos esses lugares extremamente importantes para a nossa cultura regional”, relembra.
Sucesso de público, em apenas 5 horas os ingressos foram esgotados, no dia do lançamento, em 11 de setembro, e são esperadas 500 pessoas por dia. O projeto do espetáculo Bença Vó trata-se da realização de uma minuciosa pesquisa para a montagem de uma apresentação pelo Grupo Flor Ribeirinha, visando posterior difusão e fomento de acordo com a Política Estadual de Incentivo à Economia Criativa, Lei Nº 11.607, de 9 de dezembro de 2021.
A pesquisa é sobre a vida e obra de Dona Domingas, contendo vários depoimentos, entrevistas e documentos históricos. O desenvolvimento do espetáculo contou com a colaboração de artistas locais e especialistas em cultura popular, resultando em uma produção que respeita e celebra as tradições ribeirinhas: uma celebração da cultura popular mato-grossense, que reúne dança, música e performance para contar a história de Dona Domingas Leonor da Silva.
O projeto Bença Vó é uma realização da Associação Cultural Flor Ribeirinha e Instituto INCA, como co-realizador, com o patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso, via emenda parlamentar do deputado estadual Dilmar Dal Bosco, e apoio institucional da Assembleia Legislativa do Estado do Mato Grosso.
Também tem parceria com Sicoob; Energisa; Malai Manso Resort; Goiabeiras Shopping; Dona do Lar; BioOleo; Bravvos; Brasido.
Fonte: leiagora