A história do cineasta David Hertzog Dessites é daquelas dignas de filme! Aos 20 anos ele traçou uma meta de vida que, para muitos seria impossível. Hoje, o homem que varria o tapete vermelho em Cannes, acaba de provar que tudo é possível ao estreiar com cineasta no festival.
David lançou “Il était une fois Michel Legrand” (Era uma vez Michel Legrand, em tradução livre para o português), um documentário sobre o famoso músico francês. Ele contou que quando soube que estava entre os destaques do festival, relembrou tudo que passou para chegar até aqui.
“O adulto que sou segurou na mão do menino que fui para realizar esse sonho”, disse o cineasta. “Em uma manhã, por volta das 4h00, no meu uniforme de varredor (…) me estiquei no tapete vermelho, dizendo a mim mesmo “voltarei aqui com meu filme”. E deu tudo certo!
Reviravolta merecida
David lembra que quando era pequeno, a mãe o levava ao Palais des Festivals para ver diversas estrelas do cinema desfilando no tapete vermelho. Para o cineasta, esse era um dos momentos mais especiais e o local do festival se tornou como parte dele.
Infelizmente, quando completou 20 anos, David perdeu a mãe, que faleceu devido um câncer. Foi quando ele começou a trabalhar como varredor em Cannes.
Foi nesta mesma época que o cineasta transformou a dor em energia positiva e usou como um verdadeiro impulso. David comprou a primeira câmera e começou a filmar de forma autodidata.
Primeiras cenas
Já na faculdade de cinema, em 1999 David viajou para os Estados Unidos para registrar as primeiras cenas de um documentário amador, para então testar as habilidades que tinha com roteiros e câmeras.
Ele decidiu filmar os fãs incondicionais de “Star Wars” que aguardavam ansiosamente a estreia do episódio I, “A Ameaça Fantasma”.
“Os fãs em Hollywood, em Nova York, estavam loucos, esperavam em barracas perto dos cinemas para serem os primeiros a ver o filme”, explicou.
Desde então, David foi crescendo até decidir registrar oficialmente o primeiro documentário.
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Espectador clandestino
David contou que conheceu algumas pessoas que trabalhavam como recepcionistas do Palais des Festivals. Com eles, o cineasta entrou clandestinamente nas salas de exibição diversas vezes.
Ele contou que foi nessas entradas clandestinas que se apaixonou completamente pela profissão que já sonhava seguir.
“Foi assim que experimentei o ambiente de Cannes, pude descobrir filmes internacionais”, lembrou.
Inspiração veio da mãe
David não escolhou Michel Legrand como personagem do documentário dele à toa.
Segundo o cineasta, há uma relação dele com o artista, devido às memórias da mãe falecida.
“Sua música embalou a gravidez de minha mãe. Meus pais se conheceram quando foram ver “Thomas Crown – A arte do crime” e compraram o disco de 45 rotações da música composta por Michel”, disse.
David teve a oportunidade de conhecer o compositor em 2017 e quando contou a ideia, o artista concordou em ser o centro de um documentário e deu carta branca para o cineasta.
“Ele disse que não controlaria nada, e conhecendo sua exigência e a pessoa complexa que era, é o melhor presente que poderia me dar”, afirmou o cineasta.
O documentário conta os dois últimos anos do músico e relembra a carreira do compositor da trilha sonora de “Os Guarda-Chuvas do Amor”, falecido em 2019 aos 86 anos.
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Com informações de Folha de Pernambuco.
Fonte: sonoticiaboa