Sacará, ou Saqqara, é uma necrópole egípcia de mais de 5 mil anos que hoje é considerada patrimônio mundial da Unesco e, chama atenção por suas várias pirâmides, mosteiros e, claro, artefatos históricos.
Ser uma necrópole significa que o local era utilizado para funerais, mas, diferentemente de um cemitério, ficava afastado da cidade. No caso, eram levados para Sacará os mortos dos habitantes de Mênfis, uma das várias capitais do Egito Antigo.
Uma equipe de arqueólogos franceses e suiços explorava as tumbas do Sacará quando encontraram uma tumba bem diferente das outras: com decorações intrincadas e coloridas.
Depois de traduzir as inscrições feitas na parede da câmara funerária, concluíram que o local de descanso pertenceu a um médico que atendia antigos faraós egípcios.
Seu nome era Teti Neb Fu, e ele tinha vários títulos de alto prestígio: era médico-chefe do palácio do rei Pepi II, que governou o Egito no século 23 a.C.. Além disso, ele também era sacerdote, dentista-chefe e diretor de plantas medicinais – títulos raros, que foram encontrados em poucas tumbas da mesma época.
Para terminar o currículo prodigioso, Teti Neb Fu era também mago da deusa Sélquis, a deusa em formato de escorpião que rege os cuidados com mordidas e picadas venenosas.
“Essa incrível descoberta se soma ao rico legado de Saqqara como um dos sítios arqueológicos mais importantes do Egito”, escreveu o Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito em comunicado.
“Apesar das evidências de saques antigos, as paredes da tumba permanecem intactas, oferecendo um raro vislumbre da vida cotidiana e das práticas culturais durante o Reino Antigo.”
Os pesquisadores da missão mantêm um blog onde narram e contextualizam o cotidiano dos achados. Em um post sobre essa descoberta, eles explicam que o achado foi surpreendente porque a região já foi amplamente saqueada ao longo de milênios.
“Do material funerário, restaram apenas pequenos fragmentos deixados pelos saqueadores, mas as decorações da tumba são suficientes para tornar a descoberta excepcional a ponto de ser anunciada oficialmente pelo Ministério de Antiguidades.”, escreveram os arqueólogos. “É fácil esquecer que elas têm 4 mil anos!”
Os antigos egípcios tinham o conhecimento científico e médico mais avançado do seu tempo. No ano passado, pesquisadores concluíram que há quatro mil anos, os médicos egípcios já faziam cirurgias de cérebro para retirada de câncer, por exemplo. Alguns papiros médicos datam de mais de 4 mil anos e incluem descrições de procedimentos médicos e remédios usados até hoje.
Substâncias como óleo de rícino, ácido acetilsalicílico, própolis para cicatrização e anestésicos já eram conhecidas. Os documentos descrevem cirurgias delicadas, o engessamento de membros com ossos quebrados, e todo o sistema circulatório do corpo humano. Se quiser saber mais, vale ler a reportagem “A incrível ciência do Egito Antigo”.
Fonte: abril