Sempre que o Romualdo Macedo Rodrigues contar essa história, vão achar que é conversa de pescador. Só que, na verdade, é a mais pura verdade: ele ficou 11 dias dentro de um freezer perdido no Oceano Atlântico até ser resgatado, lembrando muito a trama do filme Náufrago, com o Tom Hanks.
Romualdo partiu do porto de Oiapoque, no Amapá, e a ideia era passar três dias pescando. Como o seu barco tinha rachaduras, a água acabou invadindo a embarcação, que começou a naufragar. E aí entra um detalhe crítico. Mesmo sendo pescador e estando em contato direto com águas agitadas, Romualdo não sabia nadar.
Ele, então, decidiu subir no refrigerador para escapar da água. Quando viu que o aparelho era seguro, decidiu usá-lo para boiar e . “Comecei a secar, mas no outro dia não tinha mais jeito e foi para o fundo mesmo. Quando eu vi que não tinha jeito, eu peguei o freezer e fui embora”, disse Romualdo em entrevista ao programa Domingo Espetacular, da TV Record.
Sem alternativa, ele ficou 11 dias dentro do refrigerador
Ali, não tinha água e nem comida. Era isso ou morrer afogado. Segundo o site Diário do Nordeste, Romualdo ainda tinha o medo de aparecer um tubarão. “Pensava que ia ser atacado pelos tubarões porque em alto mar tem muito peixe curioso.”
Em 11 de agosto, Romualdo foi encontrado por um grupo de pescadores que avistou o freezer boiando. Eles se aproximaram para verificar o que tinha ali e encontraram o brasileiro.
“Ouvi um barulho e tinha um barco em cima do freezer. Só que eles achavam que não tinha ninguém lá. Aí eles foram encostando devagar, minha vista já estava se apagando, aí eu falei: ‘Meu Deus, o barco’. Levantei meus braços e pedi socorro”.
Fim do desespero e do sofrimento, certo? Errado. Levado à terra firme, Romualdo descobriu que tinha ido parar no Suriname. Sem documentos, foi detido pelas autoridades locais e ficou em uma cela com outros presos por 16 dias sem receber informações do motivo de estar atrás das grades.
Um delegado da Polícia Federal aqui do Brasil, chamado Luís Carlos Porto, foi designado para acompanhar o caso do pescador. O policial diz ter encontrado Romualdo bastante magro e debilitado, mas com consciência e saúde mental em boas condições. O rapaz teria emagrecido 5 kg nesse período todo.
Romualdo pegou um voo com destino a Belém, no Pará. Ele se diz grato por tudo ter corrido bem no fim das contas. Nas suas palavras, o dia da extradição foi o “dia mais importante” da sua vida. E a geladeira não era apenas um electrodoméstico que estava lá, mas, sim, um verdadeiro milagre!
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Jornalista apaixonado por contar histórias. Paranaense radicado em São Paulo. Louco por viagens e experiências novas.