O monumento de pedras que nós conhecemos como Stonehenge, no sul da Inglaterra, é rodeado de mistérios. Por que foi construído? Quem construiu? Como construíram?
Agora, um novo estudo contraria algo que já se sabia sobre Stonehenge e abre margem para mais teorias. A pedra do altar, como é conhecido uma super-rocha de seis toneladas no centro do conjunto, pode ter vindo do nordeste da Escócia, a pelo menos 750 km de distância da área que ela ocupa há cinco mil anos.
A descoberta, descrita em um estudo publicado nesta quarta (14) na revista Nature, segue análises prévias do monumento, que identificaram dois tipos de pedras em sua construção: as sarsen, que são de arenito e sílica que poderiam ser encontradas a 25 km de distância, e pedras azuladas, nome popular das diábases, rochas magmáticas que compõem boa parte de Stonehenge.
Dentre essas pedras azuladas, a maior é a do altar, que os pesquisadores imaginavam ter vindo do País de Gales. Essa rocha tem 50 centímetros de espessura, cinco metros de comprimento e um de largura. Para identificar sua origem e sua idade, cientistas analisaram os grãos de minerais encontrados na pedra, como zirconita e apatita.
A análise dos minerais presentes na enorme rocha não era compatível com as pedras do País de Gales –mas era com as do nordeste da Escócia, especialmente da Bacia Orcadiana, área mais ao norte do país. A descoberta chocou os estudiosos do monumento, que passaram quase um século todo achando que a pedra azulada do altar era galega, como são algumas outras de Stonehenge.
Os fragmentos de zirconita na pedra do altar têm cerca de 1,6 a 1 bilhão de anos de idade, o que também faz sentido em comparação com o histórico desses minerais na Bacia Orcadiana.
Logística complexa
Como uma rocha gigante foi transportada por 750 km há 5 mil anos? A pedra pesa seis toneladas e precisou ser arrastada por relevos irregulares e áreas predominantemente cobertas por florestas.
Por causa dos empecilhos para fazer o transporte de forma terrestre, os arqueólogos sugerem que talvez a pedra do altar tenha sido transportada do norte da Escócia para o sul da Inglaterra pelo mar.
A complexidade exigida para transportar algo assim, do norte para o sul da Grã-Bretanha, tem implicações significantes para como imaginamos os habitantes dessa região durante a era Neolítica.
Sociedades organizadas e rotas marítimas de troca e vão contra a ideia que a maioria das pessoas da região tinha sobre a pré-história da Grã-Bretanha. Ainda não dá para ter certeza sobre como aconteceu o transporte da pedra escocesa. Mais um mistério para a conta de Stonehenge.
Fonte: abril