As redes sociais, especialmente o X (ex-Twitter) estão pipocando com pessoas falando, num tom alarmista e apocalíptico, que o papa Francisco abriu “cinco portais sagrados” no Vaticano, de forma sem precedentes.
Na verdade, há vários precedentes, e o ritual católico – que acontece desde 1499 – não tem nada a ver com o fim do mundo ou com um complô para dominar a Terra (rs).
Na véspera de Natal, a Igreja Católica iniciou o Ano Santo de 2025, também chamado de Jubileu. Esses anos ocorrem aproximadamente a cada 25 anos.
O calendário especial vai até 6 de janeiro de 2026, e ele começa a partir do momento que o Papa abre uma porta santa (termo bem menos sinistro que “portal”, que rima com “do mal”).
Toda basílica grande de Roma tem sua própria porta santa, que só é aberta durante um Ano Santo. A primeira vez que uma dessas foi aberta foi em 1423, quando o papa Martinho V começou um Jubileu ao abrir a porta da Basílica de São João de Latrão, igreja que existe desde o século 4.
Abrir uma porta santa só virou tradição de vez a partir de 1499, quando a Basílica de São Pedro ganhou uma dessas, por ordem do papa Alexandre VI.
Os fiéis católicos que peregrinam até o Vaticano durante o Jubileu não só visitam as igrejas e museus como também fazem a travessia da porta santa, uma antiga tradição para perdão de pecados – se você estiver precisando, aproveite. Depois, é só em 2050.
O que é o Jubileu
O ano do Jubileu começou como uma tradição do Judaísmo. O capítulo 25 de Levítico, um dos livros da Torá, estipula que de 50 em 50 anos o povo deveria viver um ano santificado. A cada Jubileu, uma reforma agrária deveria acontecer, com as posses e terras de cada um voltando para os donos originais e com os escravos sendo libertos.
O Ano Santo dos católicos é um pouco diferente. Ele acontece de 25 em 25 anos, e começou a ser celebrado em 1300. Muitos fiéis católicos vão ao Vaticano durante a celebração: para 2025, a Itália espera 35 milhões de turistas, muitos deles com motivações religiosas.
A libertação do Jubileu católico é diferente da reforma agrária do Antigo Testamento. A questão é a libertação dos pecados dos fiéis que atravessam uma das portas santas, inspiradas nas palavras de Jesus no Evangelho de João: “Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo”.
O início do Jubileu é marcado pela abertura das portas santas. Além da porta já aberta, na Basílica de São Pedro, o papa Francisco vai abrir outras três até 5 de janeiro de 2025. Dessa vez, uma nova porta provisória foi aberta numa penitenciária na quinta-feira (26), completando os cinco “portais sagrados” que viraram teoria da conspiração na internet.
A penitenciária romana de Rebibbia vai receber uma porta santa extraordinária em 2025. A ideia foi do papa Francisco, que pensou numa forma dos presos terem acesso ao perdão dos seus pecados.
Há algumas portas santas reconhecidas pela Igreja espalhadas pelo mundo. Além da Itália, Espanha, Filipinas, França e Canadá também tem as suas. Esses portais religiosos provavelmente surgiram em 1294, quando o papa Celestino V decretou que quem atravessasse a porta santa de um santuário receberia perdão de seus pecados – ou seja, a tradição não é uma invenção do papa Francisco para dominar o mundo.
Fonte: abril